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ESG: O limite nos negócios é determinado pela ética, não pelo lucro. E você é corresponsável, mesmo sendo “apenas” consumidor.

Fomos impactados com mais uma denúncia de trabalho escravo em ação dos Auditores Fiscais do Trabalho. Desta vez não foi uma olaria no interior do nordeste ou uma confecção no interior de São Paulo.

Foram duas das maiores produtoras de bebidas do país, e mais uma grande cooperativa do segmento vitivinículo. Salton, Aurora e Garibaldi passam a integrar uma longa lista de grandes empresas, que na busca por economia e eficiência, abrem mão do processo produtivo e, sem poder, abrem mão do controle da sua cadeia produtiva. 

Parto sempre da presunção de inocência, mas sem de forma alguma, isentar da responsabilidade. Juridicamente, se culposo ou doloso, ambos são responsáveis, em maior ou menor medida.

Entretanto, como executivo e gestor, entendo ser muito difícil o gestor de uma empresa não saber do que acontece ao contratar empresas terceirizadas para cuidarem de uma das fases mais importantes do seu negócio: a colheita da uva.

Mais ainda no caso da Salton. Seu recorde de faturamento no ano passado, 500 milhões de reais e a arrojada meta de faturar 1 bilhão de reais em 2030 não condizem com práticas como as descobertas na semana passada, com trabalho análogo à escravidão praticado por uma empresa terceirizada.

A sociedade saiu em resposta ao fato, exigindo explicações e agindo de forma preventiva. Entre outras ações, por exemplo, Salton, Aurora e Garibaldi foram suspensas da APEXBrasil, órgão governamental que cuida das promoções às exportações brasileiras, perdendo todo e qualquer suporte às atividades de promoção, vendas e exportação de seus produtos.

Infelizmente isso é bem mais recorrente do que deveria e do que acompanhamos. O mundo tem hoje cerca de 27 milhões de escravos, sendo mais da metade deles, 18 milhões, composto por crianças! O dado é de um levantamento da Slavery Footprint, entidade que monitora o tema globalmente.

Fiz um breve levantamento dos últimos 15 anos, de grandes marcas globais envolvidas neste tipo de escândalo, sempre com a característica de estar terceirizando sua produção para um país ou região onde a mão de obra é mais barata, na busca de mais economia, mais lucro ou ambos.

A Apple em 2012 teve sua terceirizada chinesa Foxconn denunciada em matéria do jornal The New York Times pelo abusos contra seus empregados, desrespeito às regras de segurança, contratação de menores de idade e,  absurdamente, até a morte de alguns funcionários.

No mesmo ano, a Coca-Cola teve uma denúncia contra seu fornecedor de laranjas, para a produção da Fanta que, na Itália, trabalhava com mão de obra escrava de imigrantes africanos. A empresa norte-americana imediatamente rescindiu o contrato com a empresa e não tocou mais no assunto.

O ícone esportivo Nike, acabou se tornando sinônimo de trabalho infantil no mundo, quando em 1996 uma criança paquistanesa de 12 anos estampou a capa da revisa Time, costurando uma bola. Desde então a marca vem buscando dar mais transparência e governança aos seus processos produtivos, mas ainda recebe denúncias sobre a continuidade dos abusos contra os trabalhadores das fábricas terceirizadas.

A Hershey’s também passou por isso na compra do cacau, adquirido em grande volume da África Ocidental, região onde se situa a Costa do Marfim, recorrentemente denunciada pela Unicef e a Internacional Labor Rights Forum, por explorar o trabalho  infantil.

Até a Victoria’s Secret, em 2011 teve seu fornecedor de algodão, também da África Ocidental, denunciado por uso de mão de obra infantil, explorando crianças e impedindo que continuassem seus estudos.  A Bloomberg News em 2011 trouxe à tona uma investigação de quase dois meses, com depoimentos de jovens que sofreram este abuso. A empresa nada fez sobre o assunto, limitando-se a parar de usar o selo de ‘comércio justo’ nas etiquetas dos seus produtos.”

A marca Zara é reincidente. No Brasil temos registro em 2011 na cidade de Americana, com trabalho escravo nas confecções terceirizadas no interior do estado de São Paulo.

O conceito / modelo de negócio fast fashion, aliado a cadeias produtivas longas e terceirizadas dificultam o controle, mas de forma alguma isenta as empresas detentoras das marcas, da responsabilidade de gerenciar toda a cadeira e garantir sua transparência e governança.

Existem vários estudos sobre o tema, mas destaquei um do Núcleo do Conhecimento, que trata sobre o TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO NA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA.

Até as marcas de luxo entram no bolo. Na busca pela milenar habilidade de bordar dos indianos, marcas como Dior, Saint Laurent e Gucci foram denunciadas em 2020 numa matéria da revista Time, mostrando a cadeia de bordados e seus abusos contra os trabalhadores.

No Brasil o volume tem crescido. Em 2021 foram resgatados quase 2.000 pessoas em 23 estados do país. Uma rápida busca no site do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho mostra uma média de 20 matérias por mês sobre o tema, incluindo clipping, prestação de contas sobre notificações, multas, resgates e relatórios.

Podemos usar a teoria que o mercado ainda traz valores escravistas, que entende que  exploração da mão de obra é algo normal. 

Ou que a busca pela economia na produção, permite levar as fábricas para outras localidades com salários e impostos mais baixos, e uma regulamentação e fiscalização mais frouxas. 

Ou ainda que a pressão do mercado por preços mais baixos como premissa ao aumento do consumo leva as empresas a ações mais agressivas e menos éticas.

Sem uma governança clara e ativa, fica difícil impedir os abusos sobre a pessoa, sobre o social. Os valores das empresas e dos seus fundadores permeiam os negócios e suas relações. Tanto nas grandes como nas pequenas empresas, do lado corporativo estamos bem longe do caminho das pautas ESG.

Do outro lado, mesmo que você esteja indignado, sinto informar que em algum momento você consumiu, mesmo sem saber, algum produto ou serviço que tenha usado uma relação desequilibrada na relação capital / trabalho.

A questão é bem complexa e multifacetada. Muitas variáveis e interesses, pessoais e corporativos. Precisamos de uma mudança de mentalidade e de atitude para de fato interrompermos este ciclo.

Continuar indignado sempre que se deparar com fatos como este é uma forma. Mudar seus conceitos e padrões como consumidor, empreendedor e executivo é outra. E bem mais eficaz.

Não é nada fácil, mas é necessário dar o primeiro passo. E rápido.

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O varejo sempre foi complexo. Mais ainda num mundo híbrido.

Estamos todos acompanhando perplexos os desdobramentos das Lojas Americanas, que começou com uma “inconsistência nos lançamentos contábeis da ordem de 20 bilhões de reais” e já passa de 100 bilhões.

Claro que isso impacta na bolsa de valores, nos grandes varejistas, no segmento bancário, no segmento de seguros e no mercado em geral. Já temos impacto nas Lojas Renner, Tok & Stock, Marisa.

Com certeza, você comprou ovo de páscoa em algum momento da sua vida nas Americanas. O preço era sempre matador. Ou talvez, criando uma neologia, “suicidador”.

Prazos de pagamento extremamente alongados, pressionando os seus fornecedores de todos os tamanhos era uma prática comum da empresa. Isso pode ter contribuído para esse “não lançamento” de obrigações.

Mas quero apenas pegar o gancho do momento atual para trazer uma visão ao longo do tempo.

O famoso Carnê do Baú da Felicidade, iniciativa do brilhante Silvio Santos para cobrar antecipado e parcelado, injetando recursos em suas empresas era algo único. As pessoas compravam os carnês e aguardavam, todo domingo, o sorteio dos números contemplados, que poderiam resgatar seus eletrodomésticos, móveis, eletrônicos e demais produtos para a sua casa. E com sorteio toda semana, era preciso manter o pagamento em dia. Outra sacada genial para evitar a inadimplência.

Era década de 1960, com elevada inflação e a pouca oferta de crédito para bens de consumo faziam do carnê uma das poucas, ou a única forma de acesso a esses bens para as classes C e D. O carisma do Silvio Santos, seu garoto-propaganda, e uma enorme capilarização na oferta, fez com que crescesse rapidamente e acabou criando uma simbiose :  O carnê fazia a TV crescer e a TV aumentava as vendas do Carnê do Baú. Credibilidade e prestação de contas dominicais, fizeram do produto uma mina de ouro.

Além da TV, verdadeiras blitzes aconteciam pelos bairros, onde se estacionava as kombis do Baú e de dentro delas saia um exército de vendedores, abordando cada residência, demonstrando o produto que vendia sonhos a longo prazo. Pagava-se a prestação mensalmente e todo domingo sonhava-se com o sorteio, que daria direito ao usufruto do bem. Semanas, meses, anos e décadas se passaram com o mesmo frisson e expectativas todos os domingos. E no final do carnê ainda podiam resgatar o valor pago em produtos!

Com a estabilização da economia as Casas Bahia acabaram com o carnê do Baú. Trouxeram a mesma mecânica, de um carnê com pagamento mensal, mas sem precisar esperar. Faz o carnê e já leva o produto no começo, sem precisar esperar. Foi catastrófico para o Baú. Matou o negócio, mesmo tendo tentado redesenhar o modelo.

Bem, o tempo passou, a moeda estabilizou, novas marcas e produtos apareceram e o dinheiro ficou mais barato e acessível. A somatória desses e de outros fatores começaram a ruir a base de sustentação do modelo de negócio do grupo Silvio Santos.

Nesse mesmo período, a habilidade de negociar com seus fornecedores, a agressividade na abertura de novas lojas e a continuidade massificada de anúncios fez com que as Casas Bahia ocupassem o mesmo espaço do baú, só que entregando o bem junto com a primeira parcela. Se por um lado elimina o prazer da expectativa e da torcida, por outro permite-se o usufruto imediato do bem tão desejado.

E as Casas Bahia ainda incorporaram outras tendências mercadológicas ao modelo. Patrocínio de eventos para diversas idades e perfis de públicos, além do desenvolvimento de ambientes temáticos como a Super Casas Bahia, que permite o acesso às tendências e a experiência de consumo completa, incentivaram mais o consumo imediato. 

O mesmo aconteceu nos Estados Unidos, com a rede varejista de eletroeletrônicos Radio Shack. Referência no segmento, perdeu relevância e praticamente desapareceu. Agora busca se reinventar. 

Ação diferente da Best Buy rede do mesmo segmento. Perceberam uma queda no volume de vendas, mesmo com as lojas cada vez mais cheias. Entenderam que as pessoas experimentavam e escolhiam os produtos nas suas lojas e voltavam para casa para comprar pela internet pelo menor preço.

Passaram a cobrar dos fabricantes de produtos pelo espaço da loja, criando espaços exclusivos de experiência entre os clientes e as marcas, aumentando sua receita e garantindo o acesso às lojas como forma de gerar vendas complementares. E claro, passaram a vender online.

Fato irreversível é que essa geração é a geração da experimentação, da vivência e do test drive. Querem experimentar, tocar, ouvir, ligar, mexer, montar…. Tudo isso antes mesmo de comprar.

Economia, tecnologia, cultura, hábitos de consumo, valores pessoais… Tudo isso compõe o mosaico que influencia o mercado de consumo. Definitivamente, não é para amadores. Às vezes nem para especialistas.

Fique atento.

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Você só é reconhecido em público pelo que pratica com determinação quando as pessoas não estão vendo.

Semana passada, Lebron James superou a marca de maior pontuador da história da NBA, que pertencia há 38 anos a Kareem Abdul-Jabbar

Ok, você pode não gostar de basquete, não entender, não acompanhar… Mas se estava no Planeta Terra na semana passada, em algum momento você foi impactado pela informação.

Além de admirar o esporte, joguei basquete ininterruptamente por 10 anos da minha vida, competindo em campeonatos federados e estudantis, estaduais e nacionais. Senti e sei do esforço necessário para se competir. É necessário muito treino, resiliência, determinação, para passar pelas derrotas, frustrações, lesões ….

Quanto melhor você joga, maior a cobrança, maior a necessidade de treino. Nunca acaba. Só aumenta. E isso só engrandece a conquista da semana.

Com o tempo o treino muda, fica menos tático, mais estratégico. O físico muda de função, o equilíbrio emocional assume mais importância, a experiência faz toda a diferença.

Naturalmente me remete ao livro Outliers, de Malcolm Gladwell, que apresenta a teoria das 10.000 horas de prática que separam os prodígios dos mortais. Tão ou mais importante que o talento, é a sua determinação e a oportunidade de praticar, praticar, praticar, na busca da perfeição.

Você já teve a sensação de fazer algo de forma natural, instintiva, sem esforço? Repetir diversas vezes aquela receita de bolo que todos elogiam. Tocar um instrumento sem se preocupar em olhar se a mão está fazendo o acorde correto. Olhar para um cenário e a compreensão dele pular na sua frente, de forma natural e espontânea. 

Tudo vem da prática, do desejo de fazer, da determinação de seguir em frente.

E claro, trago a lembrança de outro livro, este do Ram Charam, Execução. Afinal, tão importante quanto planejar, é entregar. E muitos de nós patinamos neste momento.

Traçando um paralelo entre a vida corporativa e a vida esportiva, a cada novo campeonato as estratégias são ajustadas, os times são recompostos, jogadores mudam de uniforme e de lado, novatos aparecem e veteranos se despedem ou traçam novos caminhos, fora das quadras.

Empresas lançam novos produtos e serviços, adequam sua estratégia ao novo cenário, trazem reforços para o time, descontinuam unidades, avançam em novos mercados, celebram novas parcerias e encerram outras.

O que você e sua empresa fizeram na virada de ano? Para onde a sua estratégia vai lhe levar? Você possui indicadores para acompanhar a execução e ajustar, caso necessário? Até agora, está indo bem? Percorremos 12,5% do ano! Já parou para pensar nisso?

Voltando para o basquete, mas continuando com o negócio, o recorde da semana passada, com certeza, venderá mais camisas amarelas número seis do Lakers, venderá mais ingressos, aumentará os frequentadores dos bares nos dias de jogo, venderá mais bolas de basquete, levará mais pessoas aos parques com quadras nos fins de semana, enfim, aquecerá, mais ainda, um mercado que já é enorme no mundo! 

Para fechar a nossa conversa gostaria de comentar a beleza e a sutileza do momento exato da conversão da cesta que quebra o recorde: Na imagem icônica registrada por Andrew D. Bernstei (NBAE / Getty Images), enquanto o ginásio inteiro apontava seus celulares para eternizar o arremesso, Phil Knight, fundador da Nike, patrocinadora do atleta há 20 anos, saboreava a o momento, na primeira fila, com as mãos e os olhos livres, vivendo e eternizando o momento que ele, de alguma forma, contribuiu para que ocorresse. Basta olhar para os números da Nike e perceber que ele, Phil Knight,  assim como Lebron James, é um superador de recordes.

Congrats, King james!

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Tempos difíceis criam coisas incríveis!

Nesta semana comemoramos o dia da Nutella!

Você sabia que este creme de avelã que gera dependência química e psíquica (rs) é um produto que nasceu em função das restrições decorrentes da Segunda Guerra Mundial?

Após o fim da guerra, muitas matérias-primas estavam escassas e com acesso restrito. E não foi diferente com o cacau. O creme foi criado com avelã para compensar a falta de cacau, reduzindo bastante o seu uso na produção.

Este é apenas um dos muitos cases de produtos e soluções criados em momentos difíceis. Alimentação, mobilidade, comunicação, tudo acaba recebendo contribuição para evolução. Restrição e escassez nos obrigam a ser mais criativos, ousados e proativos.

Muitas soluções criadas para momentos de guerra acabaram se tornando de grande utilidade para o nosso dia a dia e utilizamos até hoje. O leite condensado, a scooter Vespa e o celular são algumas dessas soluções.

Ah… depois pesquise, pois você tem usado o leite condensado de forma errada a vida toda.

Também na escassez as desigualdades aparecem de forma mais intensa, destacando a urgência de buscarmos soluções para a fome, para a saúde e demais problemas sociais.

Meu ponto aqui é que não existe o momento ideal, perfeito para a solução ser criada. Pode ser a qualquer momento. Destaco apenas, que em momentos mais extremos isso é acelerado.

Na mesma linha de raciocínio, durante a pandemia, acabamos inventando soluções ou perdendo o preconceito, o medo de utilizarmos tecnologias já existentes e de implementar projetos que vínhamos postergando há tempos.

Inovar e empreender estão na mesma estrada. Acredito que o curativo está para o empreendedorismo assim como a lâmpada está para a inovação.

É necessário um bom entendimento do todo, inconformismo, disciplina, coragem para tentar, tolerância ao erro, persistência e capacidade de integrar diversas visões para construir uma nova.

Assim vimos surgir, em plena pandemia, serviços de curadoria de livros como serviço complementar de livraria, serviços de locação de ferramentas para residência, startups encurtando distância entre o produtor de pequeno porte e os consumidores e muito mais.

Você se viu obrigado durante a pandemia a pensar diferente e criar alguma nova solução para o seus clientes e o seu mercado? No segmento onde você atua aconteceu alguma grande transformação que mudou a forma com a qual você e seus concorrentes operavam? Será que esta não é uma oportunidade para você mudar o jogo?

A frase toda crise é uma oportunidade disfarçada nunca foi tão verdadeira!

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Brasil, Copa do Mundo e Empreendedorismo

Não existe nada tão global quanto o futebol!

Mesmo não sendo “consumido” no mundo todo, todo mundo sabe da sua existência e reconhece quando o vê, assim como a latinha vermelha com a onda branca, da Coca-Cola, ou o excesso de “os” do Google.

Podemos fazer uma analogia entre a Copa do Mundo e o mercado global, além da guerra entre as empresas fabricantes de material esportivo, ou dos patrocinadores da Copa, de cerveja a fabricantes de veículos, com investimento individual a partir de 100 milhões de dólaresAB-InBev, McDonalds, Qatar Airways, além de Coca-Cola, Hyundai e Visa que têm contrato permanente com a Fifa. Nada abaixo de 300 milhões de dólares por edição da copa.

O futebol está dividido em campeonatos e o mercado está dividido em Níveis de Abrangência. Há o Campeonato Estadual (Mercado Doméstico ou Regional); o Campeonato Brasileiro (Mercado Nacional); o Campeonato Sul-americano ou a UEFA (Mercado Multinacional) e a Copa do Mundo (Mercado Global). Esses conceitos de mercado são facilmente percebidos na analogia.

Nem todos os times dos campeonatos estaduais participam dos campeonatos nacionais, e assim evoluem, até chegar a poucas empresas/times/países, que participam do mercado globalizado. Podemos ainda identificar nichos nos mercados domésticos, como a 2a. e 3a. divisões, onde há um outro público envolvido, com outros produtos/times, além dos campeonatos de futebol de várzea ou nos condomínios residenciais, equivalentes ao mercado informal. Isso sem falar dos vídeo-games, os e-sports,  (vendas pela internet) que substituem o prazer do jogo quando não se pode jogar de verdade.

Assim como nem todas as startups de market place ou fintechs serão unicórnios, mesmo que muitos queiram, muitos comércios locais serão sempre locais, mas extremamente relevantes para a comunidade, como aquele time de várzea que une o bairro.

Se compararmos os campeonatos às leis da Biologia, seria a Lei Natural de Seleção do Mais Forte. Só que no esporte, assim como nos negócios, vamos de Darwin, e sua Seleção Natural do Mais Adaptável. E eu complementaria: do mais Inovador e do mais Tolerante ao Erro.

Quanto à gestão, é necessário um grande líder, visionário, focado no futuro e determinado a seguir seus objetivos, sua estratégia, que será transmitida à empresa/time por ele e seu staff. Será que esse é o Tite?

E se a equipe da empresa/time de hoje, para sobreviver no mercado/campeonato precisa de determinadas habilidades, podemos destacar algumas:

Comprometimento – envolvido ou comprometido? A diferença faz toda a diferença… Estou envolvido no clima da copa, mas não me comprometo com os resultados, nem com os treinos de manhã bem cedo e muito menos com o estudo do adversário/concorrência. Faço parte da equipe e meu esforço é uma fração do sucesso alcançado pela empresa ou apenas cumpro ordens e “bato meu cartão”?

Inovação – se não existir o esforço de mudança, ousadia e inovação, sua vantagem competitiva será obsoleta, já conhecida pelo mercado e pela concorrência. De que vale um jogador que sabe um único drible? Ou um time de uma única estrela?

Estratégia – sem ela a empresa/time vive somente para o agora, sem visão de longo prazo. Ganha um jogo nas eliminatórias, mas jamais chegará à final da Copa;

Competência – é a capacidade entender a coisa certa a ser feita e fazer. Entregar resultado mostrando conhecimento e experiência sobre a tarefa, o desafio. Seja na linha de frente, atacando/vendendo, ou na retaguarda, defendendo/produzindo.

Essa competência só vem através do conhecimento de variáveis como as atribuições de jogador/executivo, o ambiente onde estou competindo e o adversário/concorrência.

Porém nada mais está sozinho, ou sem conexão com outros ambientes. Oscilações nos EUA, na Europa, ou a guerra na Ucrânia, impactam diretamente em nosso país, em maior ou menor escala. 

Assim como vimos que a influência externa desestabiliza o ambiente, na seleção, a influência de patrocinadores, torcedores, cartolas e burocratas da comissão técnica tem impacto direto no resultado final da partida. É necessário saber interagir com todos os públicos de interesse, com todos os stakeholders.

Os jogadores são como produtos, consumidos em diversos clubes/mercados. A equação clássica de valor abaixo, pode ser adaptada para o mundo futebolístico.

Se Valor é igual a Benefício Percebido dividido pelo preço e apesar de não podermos somar variáveis de grandezas diferentes, ousaria, para o futebol, apresentar a equação abaixo:

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

E para concluir, não podemos esquecer do exemplo do nosso eterno capitão Cafu, que sendo visto por bilhões de espectadores, dá-nos um perfeito exemplo da coexistência Global e Local ao estampar em sua camisa pentacampeã mundial, a frase “100% Jardim Irene”.

Você está preparado para jogar onde? Vai de várzea ou já consegue jogar no campeonato estadual? Tem um plano para chegar no Brasileirão? E não esqueça que todo mundo, de vez em quando, gosta de jogar online. Afinal, a pandemia provou que todos podemos dar uma jogadinha no e-commerce.

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Diversas visões de um mesmo fato – mais a minha.

Você que me conhece já sabe da minha paixão por livros, pelo conhecimento, pela cultura. A curiosidade é uma grande companheira que me leva a diversos pontos de vista sobre o mesmo tema. Isso me lembra um filme que usa o mesmo conceito: Ponto de vista (Vantage point), com Forest Whitaker, Dennis Quaid e Sigourney Weaver. Fica a dica e o trailer.

Mas vamos aos fatos. Escolhi trazer o mercado de livrarias no Brasil pois ilustra, além do cenário econômico, o esforço para uma transformação cultura, de leitura e de consumo, oferecendo novas experiências aos consumidores leitores.

Mas esta história é mais antiga. Vamos lá!

Lá em 2016…

… comentei na minha coluna da BandNews FM sobre uma livraria em Paris, a Librairie des Puf, da editora Presses Universitaires de France, que havia substituído seu estoque físico de livros por uma impressora super rápida que imprime os exemplares na hora, sob demanda. enquanto você toma um cafezinho. Rápido assim. Inclusive este é o nome da máquina, Espresso Book Machine.

O mercado já não estava para amadores naquela época e fizeram uma redução de diversos andares ocupados pela livraria para uma única loja de 80m2.

Já em 2019…

… trouxe o assunto novamente, mas sob uma outra ótica e para o mercado brasileiro. Com o processo de recuperação judicial das duas maiores redes de livrarias do país, a Cultura e a Saraiva, que na época respondiam por 40% das vendas de livros no país, e com a retração de consumo, diminuindo o número de livrarias no país de 3.095 em 2014 para 2.500 em 2019. O cenário trouxe oportunidades para quem pensa diferente e aceita correr certo risco.

Três empreendedores paulistanos lançaram naquele ano a Livraria Simples, que tinha como foco o serviço de localização e venda de livros esgotados e raros. Também trouxe oportunidade para quem já estava no mercado, como a Free Book, especializado em livros importados, inicialmente censurados pela ditadura em 1976, quando foi fundada, e posteriormente oferecendo livros de design, fotografia, moda e arquitetura.

Mas o que está por trás de tudo é um conceito antigo e irrefutável, presente na fala de um dos sócios, Manuel Teixeira Neto, em matéria da Folha:

“Essa é a essência da livraria. O livreiro vende cultura, saber, conhecimento, sonhos.”

O mercado até inverteu a ordem do modelo de negócio vigente. Antes a livraria abria uma cafeteria dentro de suas instalações. Hoje, cafeterias e bares abrem livrarias nos seus espaços. Um exemplo é a Pulsa, livraria aberta dentro do Bar Das, em São Paulo. A ideia por trás do movimento é oferecer temas de livros convergentes com o perfil dos frequentadores do estabelecimento. É o mesmo movimento feito pela cafeteria Por Um Punhado de Dólares, que abriga agora uma livraria e loja de discos de vinil.

Mais próximo da pandemia, em 2020…

… a criatividade abria portas, bolsos e carteiras. O empresário e livreiro José Luiz Tahan, dono há 20 anos da Realejo Livros, livraria e editora em Santos, viu a interação dos clientes durante a pandemia crescer nas redes sociais, pedindo orientações e dicas de livros, uma vez que todas as lojas estavam fechadas. Pimba: criou o Livreiro em Domicílio, um serviço de curadoria e venda de livros. E no retorno, com a reabertura das lojas o serviço não só continuou, como criou um Clube de Assinatura, onde por R$70,00, o participante recebe todo mês um livro, uma gravura, uma quarta capa especial e uma playlist – olha só! – para embalar a leitura.

Assinatura também foi um caminho trilhado pela Livraria Cultura, com um valor menor, R$14,90 mensais e muita criatividade. O cliente escolhe e leve qualquer livro, um por mês, sem pagar mais nada além da mensalidade. Se devolver a obra em 30 dias, pode seguir pegando outra. Caso não retorne o livro, o membro paga pelo item com 20% de desconto. Mas a gigante dos livros ainda patina em sua recuperação judicial, mesmo depois de fechar 14 das 17 lojas existentes e desligar 90% dos seus colaboradores.

O cenário é bem diferente para a Amazon que sempre foi virtual e aproveitou a pandemia para ocupar espaços. A loja, que começou como livraria e hoje vende de tudo no mundo todo, ainda tem seu próprio gadget de leitura, o Kindle, o que incentiva mais ainda a aquisição de livros, também no formato digital. O risco aqui é um monopólio que pode desestruturar a relação com as editoras. Precisamos ficar atentos.

E na semana passada,

… para encerrar nosso papo em alta, saiu a ótima notícia sobre a Livraria Saraiva, que reverteu prejuízo e conseguiu pela primeira vez, desde que entrou em recuperação judicial, registrar lucro no trimestre. Foram R$29 milhões no segundo trimestre deste ano. E prometem melhorar o resultado das vendas online, que ainda estão em queda, lançando seu novo site em setembro. Estou na torcida!

Muitas visões de um mesmo cenário, não? Cada empresa se encontrava numa determinada situação financeira e operacional, mas estas são apenas algumas das variáveis de gestão. O resultado vem da atitude, de como você reage e não simplesmente do que lhe é apresentado pelo mercado.

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Nesta edição do Radar, falei sobre: #economia #varejo #consumo #tecnologia #gestao #inovacao #falasaade

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Não aguenta? Bebe leite. Digo, Latte Macchiato.

O mercado continua em ebulição!

O mercado que surge pós pandemia é pujante e dinâmico. Não tem receita de bolo e demanda rápida reação aos movimentos dos consumidores e concorrentes. Isso faz o mercado produzir resultados bem interessantes. Boralá?

E a Starbucks assumiu o controle da operação da rede Subway no Brasil.

Apesar da brincadeira no título, o mercado de franquias de alimentação no Brasil é coisa muito séria.

Dados de 2020 apontam que a rede Starbucks fatura R$ 250 milhões por ano no Brasil, por meio de uma rede de mais de 100 lojas, localizadas em 17 cidades.

Já a Subway, no mesmo ano de 2020, contabilizou o fechamento de 133 lojas nos doze meses anteriores, previu a abertura de 30 lojas em novas localidades e deu mais atenção ao delivery que já havia crescido no ano anterior.

O movimento das duas redes era bem distinto imediatamente antes do início da pandemia. E o resultado se consolida com o movimento de aquisição de uma rede pela outra.

As estratégias são completamente diferentes, desde portfolio, passando pelo posicionamento da marca preço e sua respectiva segmentação de público e experiência ou jornada dos seus clientes.

Se é difícil para os grandes, imagine para os pequenos. Com menos recursos e menos acesso a estratégias e capacitação, tocar um negócio PME não é tarefa simples.

Olhando para este mercado, o WhatsApp lançou um pacote destinado às PMEs para aumentarem suas vendas pelo aplicativo. O objetivo é permitir que um único número de celular cadastrado possa ser usado por mais de um aparelho na interação com clientes. Um grande ganho para melhorar o atendimento remoto, garantindo uma melhor experiência dos consumidores.

Nada de extraordinário, afinal, quem não dá atenção a um mercado 175 milhões de pessoas no mundo, que trocam mensagens diariamente com uma conta WhatsApp Business. Mais de 1 bilhão de pessoas conectadas toda semana, e mais de 40 milhões de pessoas acessam catálogos virtuais de empresas, todos os meses. E o Brasil representa 25% disso tudo!

Ainda falando de franquia …

PremiaPão é uma microfraquia, fundada em 2015, que tem como negócio a oferta de publicidade nos saquinhos de pão das padarias. O grande diferencial da rede é que todo saquinho da PremiaPão vem com prêmios. Hoje a rede tem 100 franqueados e em 2021 chegou ao faturamento de R$ 7 milhões, mas os planos são bem arrojados: terminar 2023 com 500 unidades e atingir R$ 9 milhões.

E a ação já começou, com o desenvolvimento de um aplicativo para interagir com os anúncios em realidade aumentada e estratégias de captação de franqueados baseadas no porte de cidades. Na capital paulista não deu muito certo. Mas entende que a segmentação por porte de cidades foi uma escolha acertada.

Ainda falando em franquias, a Zee.Dog, anunciou a entrada oficial segmento de franchising. A marca oferece produtos para animais de estimação e seus humanos, e lançou um modelo de franquias com valores a partir de R$ 350 mil, com lojas de 40 a 100 metros quadrados.

A ideia é sair do virtual, onde os consumidores já estão habituados a comprar produtos da Zee.Dog online, e trazê-los para o varejo físico. Também abrirão um super espaço em São Paulo, com quatro andares e 750 metros quadrados, integrando diferentes espaços para compradores e seus animais de estimação, servindo como ponto de encontro e até mesmo coworking. Será que vai dar certo?

Não é franquia, mas vai movimentar o mercado

Apesar de não ser franquia, está competindo na mesma arena e sob as mesmas influências. É imperativo destacar a fusão entre a BR Malls e a Aliansce, criando um grupo gigante, composto de 69 shoppings centers e quase 40 bilhões de reais em vendas.

O movimento é reflexo da mudança do comportamento do consumidor, que caminhou para as compras online e mais ainda, pós dois anos de pandemia e reclusão. Se antes viver da locação dos espaços era difícil, entendo que agora seja impossível. Será necessário gerar novas experiências nos shoppings, gerando receita com o fluxo de clientes, entretenimento e conveniência, alimentação e espaço de coleta de compras online.

É sentar, pegar a pipoca e assistir. Vai ser bonito de acompanhar.

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Nele falo sobre fundamentos, dicas, cicatrizes, sacadas e gafes de empreendedores. Um minuto por dia, com aspiração de ser a dose recorrente de provocação, inspiração e aprendizado.

No episódio de hoje trago num TBT, uma reflexão sobre os foodparks, espaços estruturados durante a febre de foodtrucks, criando uma praça de alimentação a céu aberto. Ficou curioso? O episódio está aqui.

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Nesta edição do Radar…

… falei sobre: #marketing #varejo #consumo #cultura #comportamento #PME #falasaade

No Radar do Saade é uma newsletter de periodicidade incerta, onde compartilho fundamentos, dicas, cicatrizes, sacadas e gafes de empreendedores, com a aspiração de ser a dose recorrente de inspiração e aprendizado, para quem deseja começar algo novo, dar mais um passo no trabalho, nos negócios, ou na vida. Afinal, “sempre existe alguém começando algo novo.

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Varejo, datas comemorativas e consumo.

Já passou a Páscoa e o Dia das Mães, vem aí o Dia dos Pais e logo mais o Dia das Crianças, depois a Black Friday e então o esperado Natal.

Sempre fui fascinado pela comunicação. Desde muito jovem! Saber usar a linguagem e a forma correta para transmitir uma mensagem é uma arte preciosa. Mais ainda quando estendida ao Marketing. Então, a busca por formação e mais conhecimento sobre o assunto foi natural e recorrente na minha vida.

Neste RADAR quero conversar com você sobre datas comemorativas.

Muitos nem percebem, mas a grande maioria das datas que comemoramos hoje, foi criada por alguma empresa, agência, ou segmento do varejo buscando aumentar as vendas. E algumas bem recentemente!

Em junho comemoramos o Dia do Hamburger. Novidade, né? Mas tem a mesma origem do Dia das Mães, dos Pais, dia das Crianças e dos Namorados, entre tantas outras. Podem até coincidir com uma data histórica relevante, mas a sua criação e divulgação intensa vieram da área de marketing, como o Natal. Sim, o Natal! Espera um pouco que já chego nele.

Dia das Mães, por exemplo, é uma das datas mais importantes em volume de vendas para o varejo! Chega a competir com o Natal em vendas!

É interessante perceber como este tipo de iniciativa aquece o mercado e muda padrões de consumo. Afinal, que nasceu com a data já existente, consolidada no calendário, não vai saber que ela não existia há dois, cinco ou dez anos antes. Estranho, né?

O mesmo acontece com países e nem percebemos. Apesar da região estar habitada e ativa há mais de 2.000 anos pelos fenícios, o Líbano, como república, só conseguiu sua independência em 1943. Foi ocupado pela França desde 1923, logo após o fim da primeira guerra. Apesar de uma cultura milenar, o país é bem mais novo que o Brasil. Mas isso é assunto para outro radar. Comentei apenas para ilustrar como é importante entender o contexto, a história.

Voltando às datas comemorativas, a interação das marcas com as datas podem assumir proporções inimagináveis!

Um bom exemplo é o Natal – viu, cheguei nele. Antes da Coca-Cola de “adotar” o bom velhinho e intensificar a comunicação com mensagens sobre a sua história de presentear as crianças no Natal, sua roupa era verde! Sim, Santa Claus era palmeirense rsrs Já havia alguma representação do Papai Noel com roupas vermelhas, o o grande movimento veio da fabricante de refrigerantes intensificou a divulgação dos trajes vermelhos para deixá-lo mais próximo à marca. Um personagem simpático e rechonchudo, vestido de vermelho e com uma pequena garrafa na mão e pronto: aí está o Papai Noel que conhecemos.

Mas você sabia que a compra de presentes em datas comemorativas apesar de aquecer a economia gera um consumo absurdo e desnecessário?

Um estou realizado em 2009, pelo Professor Joel Waldfogel da Universidade da Pensilvânia, identificou que nas festas de fim de ano, que integra o Dia de Ação de Graças (bem mais forte que o Natal nos Estados Unidos) e o Natal, o consumo pode chegar a estratosférica cifra de oitenta e cinco bilhões de dólares! Quase meio trilhão de reais na cotação de hoje.

E, segundo o autor do estudo, este enorme volume de dinheiro foi consumido com presentes inúteis ou supérfluos. Quantas vezes você recebe no Natal um presente que não serve, não gosta ou não precisa. Será que não vale revermos alguns conceitos de consumo?

Este estudo está condensado no livro Scroogenomics, de 2009, escrito pelo Professor Waldfogel. Não encontrei nada mais recente, mas com a explosão de compras online no mundo na última década, mesmo com o desaquecimento da pandemia, este número com certeza hoje é bem maior.

Aproveite as oportunidades das datas comemorativas. Encontre uma ou mais, que possa se apropriar buscando aumentar suas vendas. Mas sempre com responsabilidade.

Pense nisso!

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Empreendedorismo: do pequeno ao enorme.

Hoje trago uma coletânea de iniciativas empreendedoras, algumas fresquinhas outras revisitadas, conectadas sob a ótica do fundador ou CEO e sua atuação no negócio, de forma positiva ou negativa. Bora?

EMPREENDEDOR PERSEVERANTE

A história não é nova nem inovadora. Mas sempre nos toca pela perseverança e pela virada.

Após perder o emprego na área de vendas, montar e falir uma padaria, trabalhar como motorista de Uber, Marlon Barbosa, decidiu tentar novamente, mas com um diferencial claro, que chamasse a atenção dos clientes: passou a vender brigadeiro na praia, usando camisa social, gravata e avental. Indumentária não tão adequada ao nosso calor tropical, mas perfeita para chamar a atenção.

Fazendo uma análise rápida, este modelo de negócio oferece uma boa experiência de consumo ao cliente, porém tem baixa barreira de entrada – pode ser facilmente copiado – e é difícil de escalar de forma controlada – dificilmente replicado – o que impede a manutenção da uniformidade no processo.

SENSO DE OPORTUNIDADE

A pandemia trouxe grandes desafios e junto, muitas oportunidades. Também, infelizmente, mostrou e agravou o abismo que separa os extremos da nossa população.

Vivendo esta dificuldade na pele, um grupo de empreendedores de Porto Alegre, liderados por um ex-morador de comunidade na Zona Leste de São Paulo, decidiu criar uma startup que completasse as entregas nas chamadas “zonas de risco”.

No mercado, que domina a last mile, ou seja, quem percorre a última parte do trajeto e tem contato direto com o consumidor, tem poder e possibilidade de identificar dores e oportunidades mais rápido que o mercado em geral. E iniciativas como esta já pipocam por diversas cidades do país!

DOR LEVA AO EMPREENDEDORISMO DE CAUSA

Ainda na linha de resolver dores, trago um outro exemplo, desta vez com causa mais explícita: após viver frustrações no mercado em função do preconceito das empresas – e das pessoas – jovem surdo decide abrir sorveteria empregando surdos.

Il Sordo tem 80% dos seus colaboradores surdos, gerando emprego e visibilidade para a causa, além de proporcionar uma experiência reversa aos seus clientes. Eles são os diferentes, ao entrarem no estabelecimento mas, diferente do que ocorre lá fora, são bem acolhidos.

TENTANDO LIMPAR A BARRA E O PLANETA

Ainda amargando o prejuízo financeiro, moral e ambiental da tragédia de Brumadinho, a Vale lança uma iniciativa que busca converter uma volumosa parte dos seus resíduos em matéria-prima para a construção civil.

Anualmente, a Vale gera próximo de 700 milhões de toneladas de resíduos, sendo 550 milhões de areia, o segundo recurso natural mais consumido no mundo, perdendo somente para a água.

A ideia é separar e oferecer a sílica – areia – para as concreteiras e assim reduzir o volume de resíduos lançado nas barragens, podendo até, ser uma boa fonte de recursos para a empresa, que ainda engatinha com a iniciativa. A meta para 2022 é de vender 1 milhão de toneladas, menos de 2% do total produzido anualmente. Ainda engatinhando, mas com potencial.

QUANDO O FUNDADOR AMEAÇA O NEGÓCIO

Com o recente movimento do mega empreendedor Elon Musk comprando o Twitter e as consequentes oscilações do valor da Tesla no mercado, fica evidente o risco das ações do fundador impactarem diretamente na percepção de valor das suas empresas. Para cima ou para baixo. O risco é perder o foco no negócio estável e rentável, colocando dinheiro, energia e atenção – dele e do mercado – em negócios marginais ou, mesmo que grandes, abordados no momento errado.

Me lembrou Adam Newmann, fundador da WeWork – agora só We – empresa que oferece espaços corporativos no formato de coworking, que testou o limite da paciência dos seus investidores, desviando o foco dos negócios mesmo sem a empresa entregar resultado. E ainda sem dar retorno aos acionistas, ambicionava oferecer o mesmo modelo de negócio para moradia e educação, ocupando todos os espaços de convivência dos seus possíveis clientes. Com um modelos de negócio considerado caro pelo mercado, sem dar resultado mas pagando bônus ao seu fundador, a paciência do mercado acabou, culminando com a expulsão do fundador do cargo de CEO. E ainda nem havia a pandemia!