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Reflexões sobre um ano intenso

2023 está chegando ao fim. Talvez o ano mais intenso que já tinha vivido!

Pensei em compartilhar um balanço do que vivenciei nas minhas “diversas identidades”, como todos nós temos.

Perdi meu pai.

Tive um episódio de Paralisia de Bell que deixou meu rosto parcialmente paralisado.

Meu filho passou no vestibular e começou na faculdade. Duas vezes.

Minha filha começou seu estágio na faculdade, assumiu trabalhos voluntários e apertou sua agenda.

Minha esposa caminha para terminar sua segunda graduação e segue com seu trabalho com desorganizados crônicos e seu propósito de juntar pessoas e engajá-las em causas.

Fiz 25 anos de casado comemorando uma linda jornada de cumplicidade e de aprendizados

Alcançamos resultados incríveis no Espro, tanto em impacto social, como na aprendizagem, em projetos com empresas e na sustentabilidade da entidade.

Segui com a minha operação gastrite atendendo, em mentoria pro bono, empreendedores que precisam de orientação para decidirem caminhos para seus negócios.

Segui também com a minha missão de contribuir para o desenvolvimento das pessoas por meio da inclusão produtiva, seja através do primeiro emprego dos nossos aprendizes no Espro, seja pelo fomento empreendedorismo dos negócios de pequeno porte em nosso país, pelos empreendedores compulsivos, fazendo palestras, workshops e compartilhando dicas e cicatrizes, pelas redes sociais.

Mas talvez o fato mais importante tenha sido a percepção de que é mais urgente e está mais próximo, e em nossas mãos, a obrigação da realização de um novo contrato social.

Há muito tempo conversamos sobre novos caminhos no equilíbrio entre sociedade e negócios. Lembro de discutir em 1998, com meus alunos do MBA da ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing, sobre a dificuldade do Reino Unido manter o seu admirado “estado de bem estar social” – welfare state – assim como os países mais ricos enfrentavam dificuldades com suas equações no cálculo da aposentadoria de uma população que vivia, e ainda vive, cada vez mais.

O capitalismo sem freio aumentava as desigualdades e iniciativas socialistas aumentavam o custo do estado a valores insustentáveis. Ambas as iniciativas falharam ao se apresentarem como modelo ideal de contrato de sociedade que se perpetuasse no tempo.

Neste ambiente surge Antony Giddens e sua A terceira via”, título do livro e do estudo que propunha um equilíbrio entre os dois mundos, na época, defendido por Clinton, Tony Blair e FHC, que infelizmente também não prosperou.

Mais recentemente, a economista Minouche Shafik traz em seu livro “Cuidar Uns Dos Outros: Um Novo Contrato Social”, uma análise muito coerente de novos caminhos. Recomendo fortemente a leitura.

Os aprendizados da pandemia reiteraram que estamos numa sociedade extremamente desigual mas, principalmente, ampliaram as distâncias e as desigualdades.

Ao recordar estes  últimos cinco anos, ao mesmo tempo que faço uma reflexão muito positiva do caminho que estamos traçando, compartilho uma angústia crescente da necessidade de aumentar o volume e a profundidade do impacto social que gere autonomia e autoconfiança.

Depende de cada um de nós e lhe convido agora, já, para fazer parte desta transformação. Afinal, a vida é feita de relações. De gente com gente. Sempre.

Bora?

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ESG: O limite nos negócios é determinado pela ética, não pelo lucro. E você é corresponsável, mesmo sendo “apenas” consumidor.

Fomos impactados com mais uma denúncia de trabalho escravo em ação dos Auditores Fiscais do Trabalho. Desta vez não foi uma olaria no interior do nordeste ou uma confecção no interior de São Paulo.

Foram duas das maiores produtoras de bebidas do país, e mais uma grande cooperativa do segmento vitivinículo. Salton, Aurora e Garibaldi passam a integrar uma longa lista de grandes empresas, que na busca por economia e eficiência, abrem mão do processo produtivo e, sem poder, abrem mão do controle da sua cadeia produtiva. 

Parto sempre da presunção de inocência, mas sem de forma alguma, isentar da responsabilidade. Juridicamente, se culposo ou doloso, ambos são responsáveis, em maior ou menor medida.

Entretanto, como executivo e gestor, entendo ser muito difícil o gestor de uma empresa não saber do que acontece ao contratar empresas terceirizadas para cuidarem de uma das fases mais importantes do seu negócio: a colheita da uva.

Mais ainda no caso da Salton. Seu recorde de faturamento no ano passado, 500 milhões de reais e a arrojada meta de faturar 1 bilhão de reais em 2030 não condizem com práticas como as descobertas na semana passada, com trabalho análogo à escravidão praticado por uma empresa terceirizada.

A sociedade saiu em resposta ao fato, exigindo explicações e agindo de forma preventiva. Entre outras ações, por exemplo, Salton, Aurora e Garibaldi foram suspensas da APEXBrasil, órgão governamental que cuida das promoções às exportações brasileiras, perdendo todo e qualquer suporte às atividades de promoção, vendas e exportação de seus produtos.

Infelizmente isso é bem mais recorrente do que deveria e do que acompanhamos. O mundo tem hoje cerca de 27 milhões de escravos, sendo mais da metade deles, 18 milhões, composto por crianças! O dado é de um levantamento da Slavery Footprint, entidade que monitora o tema globalmente.

Fiz um breve levantamento dos últimos 15 anos, de grandes marcas globais envolvidas neste tipo de escândalo, sempre com a característica de estar terceirizando sua produção para um país ou região onde a mão de obra é mais barata, na busca de mais economia, mais lucro ou ambos.

A Apple em 2012 teve sua terceirizada chinesa Foxconn denunciada em matéria do jornal The New York Times pelo abusos contra seus empregados, desrespeito às regras de segurança, contratação de menores de idade e,  absurdamente, até a morte de alguns funcionários.

No mesmo ano, a Coca-Cola teve uma denúncia contra seu fornecedor de laranjas, para a produção da Fanta que, na Itália, trabalhava com mão de obra escrava de imigrantes africanos. A empresa norte-americana imediatamente rescindiu o contrato com a empresa e não tocou mais no assunto.

O ícone esportivo Nike, acabou se tornando sinônimo de trabalho infantil no mundo, quando em 1996 uma criança paquistanesa de 12 anos estampou a capa da revisa Time, costurando uma bola. Desde então a marca vem buscando dar mais transparência e governança aos seus processos produtivos, mas ainda recebe denúncias sobre a continuidade dos abusos contra os trabalhadores das fábricas terceirizadas.

A Hershey’s também passou por isso na compra do cacau, adquirido em grande volume da África Ocidental, região onde se situa a Costa do Marfim, recorrentemente denunciada pela Unicef e a Internacional Labor Rights Forum, por explorar o trabalho  infantil.

Até a Victoria’s Secret, em 2011 teve seu fornecedor de algodão, também da África Ocidental, denunciado por uso de mão de obra infantil, explorando crianças e impedindo que continuassem seus estudos.  A Bloomberg News em 2011 trouxe à tona uma investigação de quase dois meses, com depoimentos de jovens que sofreram este abuso. A empresa nada fez sobre o assunto, limitando-se a parar de usar o selo de ‘comércio justo’ nas etiquetas dos seus produtos.”

A marca Zara é reincidente. No Brasil temos registro em 2011 na cidade de Americana, com trabalho escravo nas confecções terceirizadas no interior do estado de São Paulo.

O conceito / modelo de negócio fast fashion, aliado a cadeias produtivas longas e terceirizadas dificultam o controle, mas de forma alguma isenta as empresas detentoras das marcas, da responsabilidade de gerenciar toda a cadeira e garantir sua transparência e governança.

Existem vários estudos sobre o tema, mas destaquei um do Núcleo do Conhecimento, que trata sobre o TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO NA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA.

Até as marcas de luxo entram no bolo. Na busca pela milenar habilidade de bordar dos indianos, marcas como Dior, Saint Laurent e Gucci foram denunciadas em 2020 numa matéria da revista Time, mostrando a cadeia de bordados e seus abusos contra os trabalhadores.

No Brasil o volume tem crescido. Em 2021 foram resgatados quase 2.000 pessoas em 23 estados do país. Uma rápida busca no site do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho mostra uma média de 20 matérias por mês sobre o tema, incluindo clipping, prestação de contas sobre notificações, multas, resgates e relatórios.

Podemos usar a teoria que o mercado ainda traz valores escravistas, que entende que  exploração da mão de obra é algo normal. 

Ou que a busca pela economia na produção, permite levar as fábricas para outras localidades com salários e impostos mais baixos, e uma regulamentação e fiscalização mais frouxas. 

Ou ainda que a pressão do mercado por preços mais baixos como premissa ao aumento do consumo leva as empresas a ações mais agressivas e menos éticas.

Sem uma governança clara e ativa, fica difícil impedir os abusos sobre a pessoa, sobre o social. Os valores das empresas e dos seus fundadores permeiam os negócios e suas relações. Tanto nas grandes como nas pequenas empresas, do lado corporativo estamos bem longe do caminho das pautas ESG.

Do outro lado, mesmo que você esteja indignado, sinto informar que em algum momento você consumiu, mesmo sem saber, algum produto ou serviço que tenha usado uma relação desequilibrada na relação capital / trabalho.

A questão é bem complexa e multifacetada. Muitas variáveis e interesses, pessoais e corporativos. Precisamos de uma mudança de mentalidade e de atitude para de fato interrompermos este ciclo.

Continuar indignado sempre que se deparar com fatos como este é uma forma. Mudar seus conceitos e padrões como consumidor, empreendedor e executivo é outra. E bem mais eficaz.

Não é nada fácil, mas é necessário dar o primeiro passo. E rápido.

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Tempos difíceis criam coisas incríveis!

Nesta semana comemoramos o dia da Nutella!

Você sabia que este creme de avelã que gera dependência química e psíquica (rs) é um produto que nasceu em função das restrições decorrentes da Segunda Guerra Mundial?

Após o fim da guerra, muitas matérias-primas estavam escassas e com acesso restrito. E não foi diferente com o cacau. O creme foi criado com avelã para compensar a falta de cacau, reduzindo bastante o seu uso na produção.

Este é apenas um dos muitos cases de produtos e soluções criados em momentos difíceis. Alimentação, mobilidade, comunicação, tudo acaba recebendo contribuição para evolução. Restrição e escassez nos obrigam a ser mais criativos, ousados e proativos.

Muitas soluções criadas para momentos de guerra acabaram se tornando de grande utilidade para o nosso dia a dia e utilizamos até hoje. O leite condensado, a scooter Vespa e o celular são algumas dessas soluções.

Ah… depois pesquise, pois você tem usado o leite condensado de forma errada a vida toda.

Também na escassez as desigualdades aparecem de forma mais intensa, destacando a urgência de buscarmos soluções para a fome, para a saúde e demais problemas sociais.

Meu ponto aqui é que não existe o momento ideal, perfeito para a solução ser criada. Pode ser a qualquer momento. Destaco apenas, que em momentos mais extremos isso é acelerado.

Na mesma linha de raciocínio, durante a pandemia, acabamos inventando soluções ou perdendo o preconceito, o medo de utilizarmos tecnologias já existentes e de implementar projetos que vínhamos postergando há tempos.

Inovar e empreender estão na mesma estrada. Acredito que o curativo está para o empreendedorismo assim como a lâmpada está para a inovação.

É necessário um bom entendimento do todo, inconformismo, disciplina, coragem para tentar, tolerância ao erro, persistência e capacidade de integrar diversas visões para construir uma nova.

Assim vimos surgir, em plena pandemia, serviços de curadoria de livros como serviço complementar de livraria, serviços de locação de ferramentas para residência, startups encurtando distância entre o produtor de pequeno porte e os consumidores e muito mais.

Você se viu obrigado durante a pandemia a pensar diferente e criar alguma nova solução para o seus clientes e o seu mercado? No segmento onde você atua aconteceu alguma grande transformação que mudou a forma com a qual você e seus concorrentes operavam? Será que esta não é uma oportunidade para você mudar o jogo?

A frase toda crise é uma oportunidade disfarçada nunca foi tão verdadeira!

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O mercado – e a vida – se movem em ciclos.

Talvez este tenha sido um dos aprendizados mais difíceis que tive para incorporar.

A vida se move em ciclos. O mercado se move em ciclos. O tempo se move em ciclos.

E esses ciclos são evolutivos, como nas etapas do nosso amadurecimento, ou repetitivos, como nas estações climáticas. Também são repetitivos em ciclos de recessão e expansão, de escassez e abundância.

Estamos vivenciando um movimento nas empresas de tecnologia que aconteceu dois anos antes, com a economia real, que colapsou no mundo todo com o lockdown, obrigando empreendedores a reinventarem suas empresas, suas relações com clientes e fornecedores, e seu modelo de negócio.

Pode ser que as empresas de tecnologia tenham acelerado demais durante a pandemia, errado na análise da velocidade do retorno, não levado em conta a desaceleração do mercado mundial, ou estes e mais outro fatores juntos.

Desde a segunda metade do ano passado vivenciamos um cenário de demissões nas grandes empresas de tecnologia. Desde as globais, como Salesforce, Google, Face, Twitter, SAP, até as brasileiras, como Quinto Andar e PagSeguro.

E como tudo se move em ciclos, esta crise nas empresas de tecnologia não é novidade. Na segunda metade da década de 1990, presenciamos um crescimento absurdo no valor das empresas cotadas na NASDAQ, de maneira acelerada e, agora entendemos, artificial. Assim, a partir de 10 de março de 2000 aconteceu o estouro da bolha das “PontoCom”, e ao longo de todo o ano, as empresas de tecnologia apresentaram uma desvalorização em massa, já que seus planos de negócios estavam inflados, prometendo resultados que jamais vieram ou viriam.

Voltando ao presente, o ano de 2023 já começou com a IBM e Amazon ajustando seus quadros em função do resultado ruim do ano anterior.

Também estamos presenciando rodadas de baixa, as Down Roads, quando se aporta capital exigindo uma participação maior do negócio como contrapartida, desvalorizando assim, o negócio.

Mas notem que o valor de uma empresa é, em muito, ligado à sua imagem, ao seu potencial de entrega e não necessariamente seu valor tangível, imobilizado, financeiro. Assim como no mercado de capitais, apostamos no crescimento do valor percebido de uma empresa, para que com seu crescimento ela valorize mais do que fatura, mostrando potencial e melhorando a remuneração de quem apostou nela.

E isso vale para empresas de tecnologia, varejo tradicional e até grandes grupos. Olha as Americanas aí, bagunçando o mercado físico e digital.

Voltando às empresas da economia real, mais precisamente as PMEs sinto que apesar das grandes cicatrizes, as que sobreviveram aprenderam a jogar o jogo.

Os números não são exatos, mas estima-se que mais de 1,4 milhão de empresas fecharam as suas portas em 2021, por diversos motivos, como falta de recursos financeiros, falta de gestão, dificuldade de transição do modelo comercial, problemas operacionais, entre outros. Claro que a falta de dinheiro pode criar um efeito dominó com outros motivos, sendo tanto causa como consequência.

Curiosamente, ou perseverantemente, no mesmo período 1,2 milhão de novos negócios foram abertos. Também tentando entender, pode ser em virtude de demissões em empresas de maior porte, com funcionários buscando renda enquanto não encontram recolocação; funcionários de pequenas empresas que fecharam, buscando ocupar o espaço deixado; empreendedores entendendo o momento como oportunidade para resolverem novos problemas, surgidos com a pandemia.

Entramos no Brasil em um novo ciclo político, nos estados e no governo federal, que definirão parte do cenário onde atuaremos com nossos negócios. A outra parte vem de fora, com influência da economia global, que parece estar mal humorada neste ciclo.

Melhor ter planos A, B e C para seguir em frente. Jamais ficar parado. Afinal, ciclo é sinônimo de movimento e não fazer nada é uma escolha. Ruim.

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Não importa o cenário: Você sempre terá que decidir!

Já reparou como as coisas estão mudando e saindo do padrão, do esperado?

Estamos em pleno verão com frio, chuvas e muita confusão climática.

Imagine o empreendedor que tem sua barraquinha na praia, e que tem 4 meses no ano para garantir o faturamento do ano todo? Já perdeu parte de dezembro e de janeiro. Já deve estar buscando novas formas para gerar receitas que compensem as perdas. Some-se a isso ambientes econômico e político incertos, doméstico e internacional, e terá a tempestade perfeita! Ainda assim, tem que pensar, decidir e agir rápido.

Peguei um exemplo de um negócio mais simples, menos complexo. Mas para o verão temos ainda hotéis, pousadas, companhias aéreas, empresas de turismo e todo o ecossistema que tanto sofreu na pandemia, podem contar com a ajuda do clima para recuperar seus espaços e ainda assim precisam decidir o que oferecer aos seus clientes, quanto cobrar e como se diferenciar da concorrência. Sem a certeza de que eles virão. Esta certeza só Kevin Costner, no filme Campo dos Sonhos, tem.

Olhando para frente, o próximo grande evento nacional é o Carnaval, que traz com ele picos de vendas de equipamentos e instrumentos musicais, viagens e ocupação em hotéis e pousadas, comida, bebida, fantasias. Novas bandas se equipando, empresas de locação atualizando o equipamento, bandas se preparando para pegar a estrada. E os blocos? E os amigos que decidiram fazer um som no carnaval em casa, para beber sem preocupação? É um universo sem tamanho! Bora retomar o pós pandemia! 

Mas será que as lojas se planejaram? Pico de consumo de alimentos e bebidas, venda de instrumentos de percussão, pacotes turísticos, etc.. Ainda dá tempo de pedir e receber os instrumentos musicais? Consigo fechar os pacotes com pousadas e casas de eventos? Será que as pessoas sairão às ruas para celebrar o carnaval? Ou estaremos com uma insegurança criada pelo ambiente político?

Minha provocação neste Radar é sobre correr riscos, fato comum e frequente na vida dos empreendedores, líderes e responsáveis pelo negócio, pelas pessoas que trabalham nele e pelo resultado para o acionista.

Em alguns momentos com mais dúvidas e em outros com mais clareza, o fato é que sempre teremos o incerto, o imponderável, a necessidade de correr riscos.

Se olharmos somente para o calendário de eventos do ano, já temos dúvidas suficientes: Reveillon, Carnaval, Semana Santa, férias escolares, Dia das Mães, dos Pais, das Crianças, Natal. No segmento corporativo, shows e eventos nacionais e internacionais, feiras setoriais e muitos outros. Cada um desses momentos é precedido de uma análise de cenário de muitas variáveis, uma decisão estratégica complexa, um movimento comercial ainda sem 100% de certeza. Que nunca teremos no momento da decisão. É preciso coragem!

Vou falar um pouco mais sobre isso, correndo o risco de tentar ensinar o padre nosso ao vigário. No primeiro trimestre todo mundo ainda está tentando cumprir a promessa de ano novo: “dessa é vez pra valer. Passou copa do mundo e eleições, “agora vai!” 

Dentro da Jornada do Empreendedor metodologia * que criei nos Compulsivos, há um momento em que paramos para decidir. Esta etapa foi batizada de Deep Speed.

* Conheça mais sobre a Jornada, aqui.

Parto do princípio que se usar todos os seus recursos e se esforçar ao máximo, você encontra a informação que precisa para tomar a sua decisão. E se com este esforço, não encontrá-la em uma semana, não a encontrará em um mês ou mais.

A má notícia é que você jamais terá 100% da informação que julga precisar para tomar a sua decisão, seja ela financeira, operacional ou conjuntural.

A boa notícia é que talvez não precise de 100%. Mas precisará de coragem para decidir com o que conseguiu juntar. E não digo que é fácil. Eu mesmo, que desenhei a metodologia, às vezes patino, postergando a decisão. Aquele só mais uns diazinhos… O que pode ser fatal para o negócio.

A verdade é que quando tiver toda informação que julga precisar para tomar a sua decisão, o momento de decidir já terá passado.

Resumindo, Deep Speed consiste em, no curto prazo de uma semana, se aprofundar o máximo que conseguir com as informações que conseguiu coletar com seus recursos.

E por recursos considero seu banco de dados, seu network, dados estatísticos secundários abertos de órgãos públicos, entidades e consultorias, , dados estatísticos primários (se tiver o recurso financeiro para contratar a pesquisa), etc… Junte tudo, consolide, entenda, discuta e decida em uma semana.

Está passando por um momento de decisão e está inseguro? Então mãos à obra: quatro dias para coletar, dois para consolidar e um para decidir.

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Onde começa o seu 2023?

Olá!

Faz um tempinho que não nos falamos.

Dei uma parada para colocar a cabeça em ordem para o que vem pela frente e acabei percebendo que é preciso analisar o conjunto da obra para darmos o próximo passo.

Nova onda (mais leve) de Covid, Guerra (menos intensa) na Ucrânia e eleições (ainda quente), com a posse do novo governo. As coisas ainda estão acontecendo com muita intensidade e pouca reflexão.

Não sei se chegou a ler um artigo onde fiz a provocação do tempo estar embolando os fatos e bagunçando a nossa percepção, como se o ano tivesse 730 dias! Se não leu, convido a depois dar uma passadinha lá e ler. Está neste link.

Pois bem, decidi voltar mais no tempo e “embolar” uma timeline mais longa, para dar suporte e tração à jornada de 2023, buscando gerar sinergia com o que planeja para você e/ou para a sua empresa.

Logo no começo da pandemia, em 2020, segui firme com a minha missão de transformar o país por meio do empreendedorismo e celebramos uma parceria entre os Compulsivos e a BandNews FM para oferecermos diariamente, dicas gratuitas com “compulsivos” das mais diversas áeas, para os empreendedores de pequeno porte passarem pelo turbilhão do isolamento social. Um belo trabalho voluntário de colaboração criado pelos Compulsivos.

Me aproximei mais da ACNUR e oferecemos um programa de mentoria gratuita para mulheres refugiadas empreendedoras.

Palestrei para startupsentidadeseventos, empresas de médio e grande porte sobre a importância de uma atitude e mentalidade empreendedoras para manter a empresa em evolução constante, tolerante ao erro e mentalidade ágil, extremamente necessárias em startups de projetos, mudanças de rumo nos negócios e perpetuação da empresa.

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Lancei junto com o Luiz Felipe Pateo pela DC Editora uma coleção de livros sobre Empreendedorismo para os Ensinos Fundamental 1 e 2 e para o Ensino Médio, que em 2023 se desdobrará numa série de palestras e workshops oferecidos aos professores, alunos, pais e comunidade.

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Publicamos o segundo volume da Série Tenha Cicatrizes, onde convido empreendedores para compartilharem seus erros, seus aprendizados e suas soluções.

Também produzi e gravei um curso de empreendedorismo 50+, dando uma nova perspectiva a uma crescente faixa da nossa população, ainda sem direção nesta vertente. O curso tem previsão de lançamento neste ano.

Expandi meu programa de rádio para o interior do país, disponibilizando no formato sindication o conteúdo para rádios que antes não teriam condições de oferecer o tema de cultura e atitude empreendedora em sua programação. Uma parceria campeã com a Juliana Paiva.

Produzi também com o Luiz Felipe Pateo mais uma temporada do podcast dos Compulsivos, trazendo entrevistados de empresas dos mais diversos portes e momentos e, retomei o meu podcast Tenha Cicatrizes com um minuto diário de provocação e inspiração sobre empreendedorismo e negócios.

Ampliei o meu programa de mentoria para altos executivos e empreendedores e com ele, meu projeto de mentoria pro bono – Operação Gastrite – onde converso semanalmente com um empreendedor, por uma hora, criticando o plano de negócios ou ajudando com a minha visão no entendimento do atual momento da empresa ou de vida.

Na minha atuação à frente do Esprouma instituição filantrópica apaixonante, que há mais de 40 anos capacita e insere jovens no mundo do trabalho, lidero um time incrível que nos levou a ser reconhecidos – no meio da pandemia – como Lugares Incríveis para Trabalhar. Lançamos novos produtos e serviços, trabalhamos fortemente com pesquisa de campo, identificando e entendendo onde a nossa atuação era necessária, colocando foco e impactando causas como pobreza menstrual, insegurança alimentar, refugiados, equilíbrio emocional e, trabalho, emprego e geração de renda, sempre em parceria com grandes empresas e cinco camadas de governança, em atendimento à forte regulamentação do terceiro setor.

Projeto Ryla Espro

Isso me levou a discutir temas como a aprendizagem profissional junto ao governo federal e entidades, refugiados junto a ONU, fomento ao empreendedorismo junto aos fóruns de desenvolvimento, além de ocupar espaços como membro do Comitê de Relações Internacionais do FONIF, do Programa de Inovação (iNO-vc) da ArcelorMittal, do comitê das Corporações do Inovabra Habitat.

Ufa! Olhando sob esta perspectiva acalma meu coração. Errei muito, mas aprendi e acertei também, sempre com a mentalidade e atitude colaborativa, plural, diversa, empática, determinada e divertida.

Com a sensação de dever cumprido e novamente desafiado, parto daqui para mais uma fase de uma jornada que será de aprendizados, cicatrizes e conquistas, que darão suporte à minha atuação no ano que inicia, colocando toda a minha energia, determinação e uma vontade enorme que a minha atuação e evolução pessoal contribua para a sua, a da sua empresa, da nossa sociedade e do nosso país! Desafios não faltam!

E você, onde começa seu 2023?

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Brasil, Copa do Mundo e Empreendedorismo

Não existe nada tão global quanto o futebol!

Mesmo não sendo “consumido” no mundo todo, todo mundo sabe da sua existência e reconhece quando o vê, assim como a latinha vermelha com a onda branca, da Coca-Cola, ou o excesso de “os” do Google.

Podemos fazer uma analogia entre a Copa do Mundo e o mercado global, além da guerra entre as empresas fabricantes de material esportivo, ou dos patrocinadores da Copa, de cerveja a fabricantes de veículos, com investimento individual a partir de 100 milhões de dólaresAB-InBev, McDonalds, Qatar Airways, além de Coca-Cola, Hyundai e Visa que têm contrato permanente com a Fifa. Nada abaixo de 300 milhões de dólares por edição da copa.

O futebol está dividido em campeonatos e o mercado está dividido em Níveis de Abrangência. Há o Campeonato Estadual (Mercado Doméstico ou Regional); o Campeonato Brasileiro (Mercado Nacional); o Campeonato Sul-americano ou a UEFA (Mercado Multinacional) e a Copa do Mundo (Mercado Global). Esses conceitos de mercado são facilmente percebidos na analogia.

Nem todos os times dos campeonatos estaduais participam dos campeonatos nacionais, e assim evoluem, até chegar a poucas empresas/times/países, que participam do mercado globalizado. Podemos ainda identificar nichos nos mercados domésticos, como a 2a. e 3a. divisões, onde há um outro público envolvido, com outros produtos/times, além dos campeonatos de futebol de várzea ou nos condomínios residenciais, equivalentes ao mercado informal. Isso sem falar dos vídeo-games, os e-sports,  (vendas pela internet) que substituem o prazer do jogo quando não se pode jogar de verdade.

Assim como nem todas as startups de market place ou fintechs serão unicórnios, mesmo que muitos queiram, muitos comércios locais serão sempre locais, mas extremamente relevantes para a comunidade, como aquele time de várzea que une o bairro.

Se compararmos os campeonatos às leis da Biologia, seria a Lei Natural de Seleção do Mais Forte. Só que no esporte, assim como nos negócios, vamos de Darwin, e sua Seleção Natural do Mais Adaptável. E eu complementaria: do mais Inovador e do mais Tolerante ao Erro.

Quanto à gestão, é necessário um grande líder, visionário, focado no futuro e determinado a seguir seus objetivos, sua estratégia, que será transmitida à empresa/time por ele e seu staff. Será que esse é o Tite?

E se a equipe da empresa/time de hoje, para sobreviver no mercado/campeonato precisa de determinadas habilidades, podemos destacar algumas:

Comprometimento – envolvido ou comprometido? A diferença faz toda a diferença… Estou envolvido no clima da copa, mas não me comprometo com os resultados, nem com os treinos de manhã bem cedo e muito menos com o estudo do adversário/concorrência. Faço parte da equipe e meu esforço é uma fração do sucesso alcançado pela empresa ou apenas cumpro ordens e “bato meu cartão”?

Inovação – se não existir o esforço de mudança, ousadia e inovação, sua vantagem competitiva será obsoleta, já conhecida pelo mercado e pela concorrência. De que vale um jogador que sabe um único drible? Ou um time de uma única estrela?

Estratégia – sem ela a empresa/time vive somente para o agora, sem visão de longo prazo. Ganha um jogo nas eliminatórias, mas jamais chegará à final da Copa;

Competência – é a capacidade entender a coisa certa a ser feita e fazer. Entregar resultado mostrando conhecimento e experiência sobre a tarefa, o desafio. Seja na linha de frente, atacando/vendendo, ou na retaguarda, defendendo/produzindo.

Essa competência só vem através do conhecimento de variáveis como as atribuições de jogador/executivo, o ambiente onde estou competindo e o adversário/concorrência.

Porém nada mais está sozinho, ou sem conexão com outros ambientes. Oscilações nos EUA, na Europa, ou a guerra na Ucrânia, impactam diretamente em nosso país, em maior ou menor escala. 

Assim como vimos que a influência externa desestabiliza o ambiente, na seleção, a influência de patrocinadores, torcedores, cartolas e burocratas da comissão técnica tem impacto direto no resultado final da partida. É necessário saber interagir com todos os públicos de interesse, com todos os stakeholders.

Os jogadores são como produtos, consumidos em diversos clubes/mercados. A equação clássica de valor abaixo, pode ser adaptada para o mundo futebolístico.

Se Valor é igual a Benefício Percebido dividido pelo preço e apesar de não podermos somar variáveis de grandezas diferentes, ousaria, para o futebol, apresentar a equação abaixo:

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E para concluir, não podemos esquecer do exemplo do nosso eterno capitão Cafu, que sendo visto por bilhões de espectadores, dá-nos um perfeito exemplo da coexistência Global e Local ao estampar em sua camisa pentacampeã mundial, a frase “100% Jardim Irene”.

Você está preparado para jogar onde? Vai de várzea ou já consegue jogar no campeonato estadual? Tem um plano para chegar no Brasileirão? E não esqueça que todo mundo, de vez em quando, gosta de jogar online. Afinal, a pandemia provou que todos podemos dar uma jogadinha no e-commerce.

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No Radar do Saade é uma newsletter de periodicidade incerta, onde compartilho fundamentos, dicas, cicatrizes, sacadas e gafes de empreendedores, com a aspiração de ser a dose recorrente de inspiração e aprendizado, para quem deseja começar algo novo, dar mais um passo no trabalho, nos negócios, ou na vida. Afinal, “sempre existe alguém começando algo novo.”

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Chegamos em julho! Bem no meio do ano.

E o que você fez até aqui?

Entregou metade da meta do ano? Teve que ajustar a rota para continuar seguindo em frente? Chegou na metade daquele objetivo pessoal? Passou do limite? Perdeu o ritmo? Está atrasado ou adiantado com as entregas?

Volta e meia paro para refletir sobre este conceito de tempo dividido em anos, meses, dias… É importante termos prazos definidos, indicadores e metas para acompanharmos nossa evolução e desafias nossos limites. Um pouquinho a cada vez.

Por muito tempo, faz tempo, fui atleta de competição e no esporte aprendemos que primeiro precisamos vencer nossos limites, melhorar nossos números, antes de tentar vencer um oponente. Você contra você é sempre a melhor forma de evoluir. E vencer o adversário acontece naturalmente. Mas no esporte, sempre tem que haver um perdedor da partida. Por melhor que você esteja, naquele dia, o melhor, seu e do seu time, podem não ter sido suficientes para vencer. Mas ainda assim é uma evolução e um aprendizado.

Trazendo a metáfora para o mundo do trabalho e do empreendedorismo, precisamos a cada dia buscar mais eficiência, reduzir o custo da produção, desenvolver nossos colaboradores, entender melhor o cliente e adequar produtos e serviços para que não fiquem obsoletos.

Desenvolver continuamente o seu time de colaboradores os tornará mais ativos, mais críticos e mais proativos, colaborando com o desenvolvimento do negócio.

Errar tentando acertar conta ponto. Ajuda a entender os caminhos e a buscar novas soluções. Errar é bem melhor que não tentar. Só não vale repetir o erro. Ele deve ser um aprendizado.

Então, junte seu time, olhe para trás e busquem entender onde podem melhorar o que fizeram nos primeiros seis meses do ano: erros, acertos, aprendizados.

O mercado também mudou, de quando você desenhou seu plano para 2022. E muito! Agora você está bem no meio do ano. Mais próximo do fim e com seis meses de experiência para navegar o próximo semestre. Isso é valioso!

Se faz sentido para você, deixo aqui algumas provocações:

  1. Caso ainda não tenha feito, olhe para fora e ajuste as premissas – a guerra pós pandemia bagunçou ainda mais o cenário econômico e político internacional, impactando em nosso mercado doméstico;
  2. Atenção aos indicadores internos e externos – eles contam muito sobre os rumos do mercado e do seu negócio.
  3. Olhe para dentro e entenda quais projetos podem ser postergados para o próximo ano e quais precisam ser acelerados – com as mudanças no mercado, as prioridades da estratégia podem ter mudando;
  4. Proteja das pessoas. Elas são o que há de mais valioso – mantenha um canal de comunicação aberto com o time. Todos alternam momentos de protagonistas e coadjuvantes. É importante manter o time bem informado, protegido e integrado. Dê sempre a resposta às suas perguntas, mesmo que não seja a que eles gostariam de ouvir.
  5. Entenda onde deve investir no desenvolvimento do seu time. Novas competências passaram a ser necessárias, assim como novas atitudes – senso de urgência, trabalho em equipe e dor de dono passam a ter ainda mais importância;
  6. Reveja processos e infra. Hoje é possível fazer mais com menos, se estiver bem estruturado e treinado – mas o time tem que comprar, senão tudo trava;
  7. E cuide da cultura. Ela é essencial para a sobrevivência de qualquer empresa – seja transparente, objetivo, coerente e consistente. Mudança é lenta e precisa de determinação.

Lembre-se que a gestão de um negócio é composto de diversos pequenos momentos com seu time, acertando, errando, aprendendo, corrigindo, celebrando… E nunca será uma linha reta. São altos e baixos contínuos, que no final do tempo combinado, estará melhor do que no começo. Tenha disciplina e resignação nas descidas, aprenda rapidamente com cada uma delas. E humildade, respeito e energia nas subidas.

Boralá? Tenha cicatrizes. E aprenda com elas!

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Empreendedorismo: do pequeno ao enorme.

Hoje trago uma coletânea de iniciativas empreendedoras, algumas fresquinhas outras revisitadas, conectadas sob a ótica do fundador ou CEO e sua atuação no negócio, de forma positiva ou negativa. Bora?

EMPREENDEDOR PERSEVERANTE

A história não é nova nem inovadora. Mas sempre nos toca pela perseverança e pela virada.

Após perder o emprego na área de vendas, montar e falir uma padaria, trabalhar como motorista de Uber, Marlon Barbosa, decidiu tentar novamente, mas com um diferencial claro, que chamasse a atenção dos clientes: passou a vender brigadeiro na praia, usando camisa social, gravata e avental. Indumentária não tão adequada ao nosso calor tropical, mas perfeita para chamar a atenção.

Fazendo uma análise rápida, este modelo de negócio oferece uma boa experiência de consumo ao cliente, porém tem baixa barreira de entrada – pode ser facilmente copiado – e é difícil de escalar de forma controlada – dificilmente replicado – o que impede a manutenção da uniformidade no processo.

SENSO DE OPORTUNIDADE

A pandemia trouxe grandes desafios e junto, muitas oportunidades. Também, infelizmente, mostrou e agravou o abismo que separa os extremos da nossa população.

Vivendo esta dificuldade na pele, um grupo de empreendedores de Porto Alegre, liderados por um ex-morador de comunidade na Zona Leste de São Paulo, decidiu criar uma startup que completasse as entregas nas chamadas “zonas de risco”.

No mercado, que domina a last mile, ou seja, quem percorre a última parte do trajeto e tem contato direto com o consumidor, tem poder e possibilidade de identificar dores e oportunidades mais rápido que o mercado em geral. E iniciativas como esta já pipocam por diversas cidades do país!

DOR LEVA AO EMPREENDEDORISMO DE CAUSA

Ainda na linha de resolver dores, trago um outro exemplo, desta vez com causa mais explícita: após viver frustrações no mercado em função do preconceito das empresas – e das pessoas – jovem surdo decide abrir sorveteria empregando surdos.

Il Sordo tem 80% dos seus colaboradores surdos, gerando emprego e visibilidade para a causa, além de proporcionar uma experiência reversa aos seus clientes. Eles são os diferentes, ao entrarem no estabelecimento mas, diferente do que ocorre lá fora, são bem acolhidos.

TENTANDO LIMPAR A BARRA E O PLANETA

Ainda amargando o prejuízo financeiro, moral e ambiental da tragédia de Brumadinho, a Vale lança uma iniciativa que busca converter uma volumosa parte dos seus resíduos em matéria-prima para a construção civil.

Anualmente, a Vale gera próximo de 700 milhões de toneladas de resíduos, sendo 550 milhões de areia, o segundo recurso natural mais consumido no mundo, perdendo somente para a água.

A ideia é separar e oferecer a sílica – areia – para as concreteiras e assim reduzir o volume de resíduos lançado nas barragens, podendo até, ser uma boa fonte de recursos para a empresa, que ainda engatinha com a iniciativa. A meta para 2022 é de vender 1 milhão de toneladas, menos de 2% do total produzido anualmente. Ainda engatinhando, mas com potencial.

QUANDO O FUNDADOR AMEAÇA O NEGÓCIO

Com o recente movimento do mega empreendedor Elon Musk comprando o Twitter e as consequentes oscilações do valor da Tesla no mercado, fica evidente o risco das ações do fundador impactarem diretamente na percepção de valor das suas empresas. Para cima ou para baixo. O risco é perder o foco no negócio estável e rentável, colocando dinheiro, energia e atenção – dele e do mercado – em negócios marginais ou, mesmo que grandes, abordados no momento errado.

Me lembrou Adam Newmann, fundador da WeWork – agora só We – empresa que oferece espaços corporativos no formato de coworking, que testou o limite da paciência dos seus investidores, desviando o foco dos negócios mesmo sem a empresa entregar resultado. E ainda sem dar retorno aos acionistas, ambicionava oferecer o mesmo modelo de negócio para moradia e educação, ocupando todos os espaços de convivência dos seus possíveis clientes. Com um modelos de negócio considerado caro pelo mercado, sem dar resultado mas pagando bônus ao seu fundador, a paciência do mercado acabou, culminando com a expulsão do fundador do cargo de CEO. E ainda nem havia a pandemia!

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Sou um visionário! Pena que 10 anos atrasado. Pelo menos.

Sempre defendi o livre mercado e a iniciativa dos empreendedores, que geram emprego, riqueza e solucionam problemas. Também sempre apoiei projetos sociais que fomentassem o protagonismo dos participantes na solução de problemas sociais.

Acredito fortemente que a sociedade civil tem mais força e agilidade que o poder público no direcionamento e implementação das soluções tão necessárias na busca de igualdade, de equidade.

Os próprios Compulsivos são, de certa forma, baseados nesta crença. É uma iniciativa social com fins lucrativos. Busca recursos no formato de patrocínio de grandes empresas que tenham a necessidade de se comunicar com ou se aproximar de determinado segmento de empresários PME. Com os recursos recebidos, impactamos a região com nossa metodologia de modelagem e aceleração de negócios reais, ajudando de fato aos empreendedores com a sua evolução e, deforma transparente e ética, estreitamos a relação entre o patrocinador e seu mercado. Fazemos isso há dez anos.

Entretanto, desde que assumi a Superintendência Executiva do ESPRO – uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, que atende a três políticas públicas de forma multifacetada – vim calibrando a minha visão sobre o segmento, sua gestão e sustentabilidade financeira e buscando uma forma de usar minha visão do ambiente e dos interlocutores para melhorar o nosso resultado e engajar mais as empresas nesta causa tão nobre e urgentemente necessária.

Logo, foi natural, mas revelador, tratar cada iniciativa social como um produto, que resolve uma dor de uma determinada parcela da sociedade e que algumas empresas teriam interesse em patrocinar esta transformação.

Me achei um gênio por um breve intervalo de tempo, até conversar com outros gestores do terceiro setor e receber o tiro de misericórdia do Michael Porter, em seu TED de 2013! Nele, o professor traz uma reflexão sobre tratar causas sociais como produtos que resolvem problemas, dores, das pessoas e das empresas, tornando-se assim economicamente interessantes para patrocinadores e doadores.

Se o apoio financeiro a determinada causa social produz alguma contrapartida da qual a empresa possa se apropriar, ela passa a considerar isso como uma opção sólida de investimento.

Claro que, mais cedo ou mais tarde, todos os gestores do terceiro setor, que tiveram alguma experiência prévia no mercado percebem claramente o tinham pela frente.

Mais ainda durante a pandemia, que ampliou o abismo das desigualdades. Mais ainda no meio do processo de implementação de uma profunda transformação tecnológica, cultural, estrutural dentro do Espro!

O desafio e sua beleza se encontram em criar o match entre o desafio na sociedade a ser vencido, a solução da nossa entidade que resolve este problema e a empresa que deseja atrelar esta causa à sua marca. Simples e desafiador assim.

E agora então, com o fortalecimento das iniciativas e políticas de ESG, aumenta ainda mais esta oportunidade.

Muito prazer, sou Alessandro Saade, Superintendente Executivo do Espro. Vamos conversar?