… cabe a cada gestor fazer a leitura e ter a coragem de tomar a decisão.
O Radar do Saade está de volta, depois de uma parada forçada para cuidar da saúde e recarregar as baterias. Boralá!
Sou um otimista inveterado. Confesso que às vezes isso incomoda as pessoas. Mas me policio para não passar dos limites rs
Neste retorno, gostaria de falar sobre análise de cenário, coragem para mudar e senso de oportunidade.
Vamos falar sobre diferentes estratégias e modelos de negócio e peguei o mercado de livros para servir de pano de fundo. Mas poderia ser qualquer outro.
Na mesma semana em que a livraria norte-americana Barnes & Nobles anuncia a abertura de mais uma loja nos Estados Unidos, a Justiça de São Paulo decreta a falência da Livraria Saraiva.
Na mesma reflexão podemos incluir a brasileira Livraria Cultura; a norte-americana Amazon, que, lembre, começou como livraria online; a francesa Librairie des Puf (Presses Universitaires de France) e a cafeteria Por um Punhado de Dólares, em São Paulo, que abriga uma livraria.
Diferentes estratégias, diferentes modelos de negócios, diferentes públicos, diferentes resultados, um mesmo objetivo: conquistar o consumidor e perpetuar o negócio.
Assim como a Saraiva, a Cultura fechou as suas portas por dificuldades agravadas na pandemia, para manter o modelo de negócio de megalojas e espaço de conveniência e consumo, com cafeterias, espaços de leitura e auditórios dentro de suas instalações. Coincidentemente o mesmo modelo da Barnes & Nobles, que recuperou o crescimento após sete anos seguidos de prejuízo.
Com o novo CEO, James Daunt – vindo de um vitorioso processo de virada na rede de livrarias britânica Waterstones – a livraria norte-americana entrou nos trilhos. Na sua visão, as lojas devem ter muita autonomia, para criar uma conexão com a comunidade onde está instalada. Livros, eventos, espaços. Inclusive abrindo mão de incentivos recebidos das editoras para a promoção de determinados títulos. E assim redesenhou a estratégia, com mais autonomia e poder nas pontas.
A Librarie des Puf não tem estoque e imprime o exemplar na hora, super rápido, enquanto o cliente saboreia um café ou passa os olhos em outros exemplares do “mostuário”. Já o Por Um Punhado de Dólares, aproveitou a conexão com seu público e estendeu seu portfolio, gerando uma forte conexão. Em menos escala, é exatamente a estratégia da Barnes & Nobles.
Se trocarmos as livrarias por padarias, oficinas mecânicas, farmácias, a leitura seria a mesma: o desafio da gestão do negócio consiste na análise de cenário, coragem para mudar e senso de oportunidade.
Independente do segmento, o ambiente sempre muda. É importante ficar atento à determinadas variáveis, determinados indicadores, que sinalizam o início da mudança do ambiente, e alimenta a análise da necessidade de mudança.
Com a necessidade de mudança validada, é necessário mudar a estratégia para alinhar o negócio ao novo cenário. Mas será que o empreendedor tem a coragem para mudar?
Mais ainda, as mudanças no mercado podem trazer oportunidades junto com as ameaças. É importante, ao ler o cenário, perceber as oportunidades que surgem, seja para pivotar uma operação, lançar ou descontinuar um produto ou serviço, investir no momento de incerteza para estar pronto quando a ameaça passar.
Seu modelo mental segue desta forma? Acredita que é importante ter atitude empreendedora? Entende que o erro é parte do acerto?
Para ilustrar, compartilho um episódio do Podcast dos Compulsivos, onde, junto com o Luiz Felipe Pateo, entrevistamos o Marcello Lage, fundador do Formaggio Mineiro, eleito o melhor pão de queijo gourmet do país. Definitivamente, não foi uma linha reta.
Também recomendo a leitura da edição de fevereiro do Radar do Saade, falando de empresas que cresceram e produtos que nasceram da adiversidade.
De novo, análise de cenário, coragem para mudar e senso de oportunidade.
Um não funciona sem o outro. E nunca será uma decisão fácil. Mesmo perdendo o jogo, o ser humano não lida muito bem com mudanças.