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Empreendedorismo: do pequeno ao enorme.

Hoje trago uma coletânea de iniciativas empreendedoras, algumas fresquinhas outras revisitadas, conectadas sob a ótica do fundador ou CEO e sua atuação no negócio, de forma positiva ou negativa. Bora?

EMPREENDEDOR PERSEVERANTE

A história não é nova nem inovadora. Mas sempre nos toca pela perseverança e pela virada.

Após perder o emprego na área de vendas, montar e falir uma padaria, trabalhar como motorista de Uber, Marlon Barbosa, decidiu tentar novamente, mas com um diferencial claro, que chamasse a atenção dos clientes: passou a vender brigadeiro na praia, usando camisa social, gravata e avental. Indumentária não tão adequada ao nosso calor tropical, mas perfeita para chamar a atenção.

Fazendo uma análise rápida, este modelo de negócio oferece uma boa experiência de consumo ao cliente, porém tem baixa barreira de entrada – pode ser facilmente copiado – e é difícil de escalar de forma controlada – dificilmente replicado – o que impede a manutenção da uniformidade no processo.

SENSO DE OPORTUNIDADE

A pandemia trouxe grandes desafios e junto, muitas oportunidades. Também, infelizmente, mostrou e agravou o abismo que separa os extremos da nossa população.

Vivendo esta dificuldade na pele, um grupo de empreendedores de Porto Alegre, liderados por um ex-morador de comunidade na Zona Leste de São Paulo, decidiu criar uma startup que completasse as entregas nas chamadas “zonas de risco”.

No mercado, que domina a last mile, ou seja, quem percorre a última parte do trajeto e tem contato direto com o consumidor, tem poder e possibilidade de identificar dores e oportunidades mais rápido que o mercado em geral. E iniciativas como esta já pipocam por diversas cidades do país!

DOR LEVA AO EMPREENDEDORISMO DE CAUSA

Ainda na linha de resolver dores, trago um outro exemplo, desta vez com causa mais explícita: após viver frustrações no mercado em função do preconceito das empresas – e das pessoas – jovem surdo decide abrir sorveteria empregando surdos.

Il Sordo tem 80% dos seus colaboradores surdos, gerando emprego e visibilidade para a causa, além de proporcionar uma experiência reversa aos seus clientes. Eles são os diferentes, ao entrarem no estabelecimento mas, diferente do que ocorre lá fora, são bem acolhidos.

TENTANDO LIMPAR A BARRA E O PLANETA

Ainda amargando o prejuízo financeiro, moral e ambiental da tragédia de Brumadinho, a Vale lança uma iniciativa que busca converter uma volumosa parte dos seus resíduos em matéria-prima para a construção civil.

Anualmente, a Vale gera próximo de 700 milhões de toneladas de resíduos, sendo 550 milhões de areia, o segundo recurso natural mais consumido no mundo, perdendo somente para a água.

A ideia é separar e oferecer a sílica – areia – para as concreteiras e assim reduzir o volume de resíduos lançado nas barragens, podendo até, ser uma boa fonte de recursos para a empresa, que ainda engatinha com a iniciativa. A meta para 2022 é de vender 1 milhão de toneladas, menos de 2% do total produzido anualmente. Ainda engatinhando, mas com potencial.

QUANDO O FUNDADOR AMEAÇA O NEGÓCIO

Com o recente movimento do mega empreendedor Elon Musk comprando o Twitter e as consequentes oscilações do valor da Tesla no mercado, fica evidente o risco das ações do fundador impactarem diretamente na percepção de valor das suas empresas. Para cima ou para baixo. O risco é perder o foco no negócio estável e rentável, colocando dinheiro, energia e atenção – dele e do mercado – em negócios marginais ou, mesmo que grandes, abordados no momento errado.

Me lembrou Adam Newmann, fundador da WeWork – agora só We – empresa que oferece espaços corporativos no formato de coworking, que testou o limite da paciência dos seus investidores, desviando o foco dos negócios mesmo sem a empresa entregar resultado. E ainda sem dar retorno aos acionistas, ambicionava oferecer o mesmo modelo de negócio para moradia e educação, ocupando todos os espaços de convivência dos seus possíveis clientes. Com um modelos de negócio considerado caro pelo mercado, sem dar resultado mas pagando bônus ao seu fundador, a paciência do mercado acabou, culminando com a expulsão do fundador do cargo de CEO. E ainda nem havia a pandemia!

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Sou um visionário! Pena que 10 anos atrasado. Pelo menos.

Sempre defendi o livre mercado e a iniciativa dos empreendedores, que geram emprego, riqueza e solucionam problemas. Também sempre apoiei projetos sociais que fomentassem o protagonismo dos participantes na solução de problemas sociais.

Acredito fortemente que a sociedade civil tem mais força e agilidade que o poder público no direcionamento e implementação das soluções tão necessárias na busca de igualdade, de equidade.

Os próprios Compulsivos são, de certa forma, baseados nesta crença. É uma iniciativa social com fins lucrativos. Busca recursos no formato de patrocínio de grandes empresas que tenham a necessidade de se comunicar com ou se aproximar de determinado segmento de empresários PME. Com os recursos recebidos, impactamos a região com nossa metodologia de modelagem e aceleração de negócios reais, ajudando de fato aos empreendedores com a sua evolução e, deforma transparente e ética, estreitamos a relação entre o patrocinador e seu mercado. Fazemos isso há dez anos.

Entretanto, desde que assumi a Superintendência Executiva do ESPRO – uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, que atende a três políticas públicas de forma multifacetada – vim calibrando a minha visão sobre o segmento, sua gestão e sustentabilidade financeira e buscando uma forma de usar minha visão do ambiente e dos interlocutores para melhorar o nosso resultado e engajar mais as empresas nesta causa tão nobre e urgentemente necessária.

Logo, foi natural, mas revelador, tratar cada iniciativa social como um produto, que resolve uma dor de uma determinada parcela da sociedade e que algumas empresas teriam interesse em patrocinar esta transformação.

Me achei um gênio por um breve intervalo de tempo, até conversar com outros gestores do terceiro setor e receber o tiro de misericórdia do Michael Porter, em seu TED de 2013! Nele, o professor traz uma reflexão sobre tratar causas sociais como produtos que resolvem problemas, dores, das pessoas e das empresas, tornando-se assim economicamente interessantes para patrocinadores e doadores.

Se o apoio financeiro a determinada causa social produz alguma contrapartida da qual a empresa possa se apropriar, ela passa a considerar isso como uma opção sólida de investimento.

Claro que, mais cedo ou mais tarde, todos os gestores do terceiro setor, que tiveram alguma experiência prévia no mercado percebem claramente o tinham pela frente.

Mais ainda durante a pandemia, que ampliou o abismo das desigualdades. Mais ainda no meio do processo de implementação de uma profunda transformação tecnológica, cultural, estrutural dentro do Espro!

O desafio e sua beleza se encontram em criar o match entre o desafio na sociedade a ser vencido, a solução da nossa entidade que resolve este problema e a empresa que deseja atrelar esta causa à sua marca. Simples e desafiador assim.

E agora então, com o fortalecimento das iniciativas e políticas de ESG, aumenta ainda mais esta oportunidade.

Muito prazer, sou Alessandro Saade, Superintendente Executivo do Espro. Vamos conversar?