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Reflexões sobre um ano intenso

2023 está chegando ao fim. Talvez o ano mais intenso que já tinha vivido!

Pensei em compartilhar um balanço do que vivenciei nas minhas “diversas identidades”, como todos nós temos.

Perdi meu pai.

Tive um episódio de Paralisia de Bell que deixou meu rosto parcialmente paralisado.

Meu filho passou no vestibular e começou na faculdade. Duas vezes.

Minha filha começou seu estágio na faculdade, assumiu trabalhos voluntários e apertou sua agenda.

Minha esposa caminha para terminar sua segunda graduação e segue com seu trabalho com desorganizados crônicos e seu propósito de juntar pessoas e engajá-las em causas.

Fiz 25 anos de casado comemorando uma linda jornada de cumplicidade e de aprendizados

Alcançamos resultados incríveis no Espro, tanto em impacto social, como na aprendizagem, em projetos com empresas e na sustentabilidade da entidade.

Segui com a minha operação gastrite atendendo, em mentoria pro bono, empreendedores que precisam de orientação para decidirem caminhos para seus negócios.

Segui também com a minha missão de contribuir para o desenvolvimento das pessoas por meio da inclusão produtiva, seja através do primeiro emprego dos nossos aprendizes no Espro, seja pelo fomento empreendedorismo dos negócios de pequeno porte em nosso país, pelos empreendedores compulsivos, fazendo palestras, workshops e compartilhando dicas e cicatrizes, pelas redes sociais.

Mas talvez o fato mais importante tenha sido a percepção de que é mais urgente e está mais próximo, e em nossas mãos, a obrigação da realização de um novo contrato social.

Há muito tempo conversamos sobre novos caminhos no equilíbrio entre sociedade e negócios. Lembro de discutir em 1998, com meus alunos do MBA da ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing, sobre a dificuldade do Reino Unido manter o seu admirado “estado de bem estar social” – welfare state – assim como os países mais ricos enfrentavam dificuldades com suas equações no cálculo da aposentadoria de uma população que vivia, e ainda vive, cada vez mais.

O capitalismo sem freio aumentava as desigualdades e iniciativas socialistas aumentavam o custo do estado a valores insustentáveis. Ambas as iniciativas falharam ao se apresentarem como modelo ideal de contrato de sociedade que se perpetuasse no tempo.

Neste ambiente surge Antony Giddens e sua A terceira via”, título do livro e do estudo que propunha um equilíbrio entre os dois mundos, na época, defendido por Clinton, Tony Blair e FHC, que infelizmente também não prosperou.

Mais recentemente, a economista Minouche Shafik traz em seu livro “Cuidar Uns Dos Outros: Um Novo Contrato Social”, uma análise muito coerente de novos caminhos. Recomendo fortemente a leitura.

Os aprendizados da pandemia reiteraram que estamos numa sociedade extremamente desigual mas, principalmente, ampliaram as distâncias e as desigualdades.

Ao recordar estes  últimos cinco anos, ao mesmo tempo que faço uma reflexão muito positiva do caminho que estamos traçando, compartilho uma angústia crescente da necessidade de aumentar o volume e a profundidade do impacto social que gere autonomia e autoconfiança.

Depende de cada um de nós e lhe convido agora, já, para fazer parte desta transformação. Afinal, a vida é feita de relações. De gente com gente. Sempre.

Bora?