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Tempos difíceis criam coisas incríveis!

Nesta semana comemoramos o dia da Nutella!

Você sabia que este creme de avelã que gera dependência química e psíquica (rs) é um produto que nasceu em função das restrições decorrentes da Segunda Guerra Mundial?

Após o fim da guerra, muitas matérias-primas estavam escassas e com acesso restrito. E não foi diferente com o cacau. O creme foi criado com avelã para compensar a falta de cacau, reduzindo bastante o seu uso na produção.

Este é apenas um dos muitos cases de produtos e soluções criados em momentos difíceis. Alimentação, mobilidade, comunicação, tudo acaba recebendo contribuição para evolução. Restrição e escassez nos obrigam a ser mais criativos, ousados e proativos.

Muitas soluções criadas para momentos de guerra acabaram se tornando de grande utilidade para o nosso dia a dia e utilizamos até hoje. O leite condensado, a scooter Vespa e o celular são algumas dessas soluções.

Ah… depois pesquise, pois você tem usado o leite condensado de forma errada a vida toda.

Também na escassez as desigualdades aparecem de forma mais intensa, destacando a urgência de buscarmos soluções para a fome, para a saúde e demais problemas sociais.

Meu ponto aqui é que não existe o momento ideal, perfeito para a solução ser criada. Pode ser a qualquer momento. Destaco apenas, que em momentos mais extremos isso é acelerado.

Na mesma linha de raciocínio, durante a pandemia, acabamos inventando soluções ou perdendo o preconceito, o medo de utilizarmos tecnologias já existentes e de implementar projetos que vínhamos postergando há tempos.

Inovar e empreender estão na mesma estrada. Acredito que o curativo está para o empreendedorismo assim como a lâmpada está para a inovação.

É necessário um bom entendimento do todo, inconformismo, disciplina, coragem para tentar, tolerância ao erro, persistência e capacidade de integrar diversas visões para construir uma nova.

Assim vimos surgir, em plena pandemia, serviços de curadoria de livros como serviço complementar de livraria, serviços de locação de ferramentas para residência, startups encurtando distância entre o produtor de pequeno porte e os consumidores e muito mais.

Você se viu obrigado durante a pandemia a pensar diferente e criar alguma nova solução para o seus clientes e o seu mercado? No segmento onde você atua aconteceu alguma grande transformação que mudou a forma com a qual você e seus concorrentes operavam? Será que esta não é uma oportunidade para você mudar o jogo?

A frase toda crise é uma oportunidade disfarçada nunca foi tão verdadeira!

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Diversas visões de um mesmo fato – mais a minha.

Você que me conhece já sabe da minha paixão por livros, pelo conhecimento, pela cultura. A curiosidade é uma grande companheira que me leva a diversos pontos de vista sobre o mesmo tema. Isso me lembra um filme que usa o mesmo conceito: Ponto de vista (Vantage point), com Forest Whitaker, Dennis Quaid e Sigourney Weaver. Fica a dica e o trailer.

Mas vamos aos fatos. Escolhi trazer o mercado de livrarias no Brasil pois ilustra, além do cenário econômico, o esforço para uma transformação cultura, de leitura e de consumo, oferecendo novas experiências aos consumidores leitores.

Mas esta história é mais antiga. Vamos lá!

Lá em 2016…

… comentei na minha coluna da BandNews FM sobre uma livraria em Paris, a Librairie des Puf, da editora Presses Universitaires de France, que havia substituído seu estoque físico de livros por uma impressora super rápida que imprime os exemplares na hora, sob demanda. enquanto você toma um cafezinho. Rápido assim. Inclusive este é o nome da máquina, Espresso Book Machine.

O mercado já não estava para amadores naquela época e fizeram uma redução de diversos andares ocupados pela livraria para uma única loja de 80m2.

Já em 2019…

… trouxe o assunto novamente, mas sob uma outra ótica e para o mercado brasileiro. Com o processo de recuperação judicial das duas maiores redes de livrarias do país, a Cultura e a Saraiva, que na época respondiam por 40% das vendas de livros no país, e com a retração de consumo, diminuindo o número de livrarias no país de 3.095 em 2014 para 2.500 em 2019. O cenário trouxe oportunidades para quem pensa diferente e aceita correr certo risco.

Três empreendedores paulistanos lançaram naquele ano a Livraria Simples, que tinha como foco o serviço de localização e venda de livros esgotados e raros. Também trouxe oportunidade para quem já estava no mercado, como a Free Book, especializado em livros importados, inicialmente censurados pela ditadura em 1976, quando foi fundada, e posteriormente oferecendo livros de design, fotografia, moda e arquitetura.

Mas o que está por trás de tudo é um conceito antigo e irrefutável, presente na fala de um dos sócios, Manuel Teixeira Neto, em matéria da Folha:

“Essa é a essência da livraria. O livreiro vende cultura, saber, conhecimento, sonhos.”

O mercado até inverteu a ordem do modelo de negócio vigente. Antes a livraria abria uma cafeteria dentro de suas instalações. Hoje, cafeterias e bares abrem livrarias nos seus espaços. Um exemplo é a Pulsa, livraria aberta dentro do Bar Das, em São Paulo. A ideia por trás do movimento é oferecer temas de livros convergentes com o perfil dos frequentadores do estabelecimento. É o mesmo movimento feito pela cafeteria Por Um Punhado de Dólares, que abriga agora uma livraria e loja de discos de vinil.

Mais próximo da pandemia, em 2020…

… a criatividade abria portas, bolsos e carteiras. O empresário e livreiro José Luiz Tahan, dono há 20 anos da Realejo Livros, livraria e editora em Santos, viu a interação dos clientes durante a pandemia crescer nas redes sociais, pedindo orientações e dicas de livros, uma vez que todas as lojas estavam fechadas. Pimba: criou o Livreiro em Domicílio, um serviço de curadoria e venda de livros. E no retorno, com a reabertura das lojas o serviço não só continuou, como criou um Clube de Assinatura, onde por R$70,00, o participante recebe todo mês um livro, uma gravura, uma quarta capa especial e uma playlist – olha só! – para embalar a leitura.

Assinatura também foi um caminho trilhado pela Livraria Cultura, com um valor menor, R$14,90 mensais e muita criatividade. O cliente escolhe e leve qualquer livro, um por mês, sem pagar mais nada além da mensalidade. Se devolver a obra em 30 dias, pode seguir pegando outra. Caso não retorne o livro, o membro paga pelo item com 20% de desconto. Mas a gigante dos livros ainda patina em sua recuperação judicial, mesmo depois de fechar 14 das 17 lojas existentes e desligar 90% dos seus colaboradores.

O cenário é bem diferente para a Amazon que sempre foi virtual e aproveitou a pandemia para ocupar espaços. A loja, que começou como livraria e hoje vende de tudo no mundo todo, ainda tem seu próprio gadget de leitura, o Kindle, o que incentiva mais ainda a aquisição de livros, também no formato digital. O risco aqui é um monopólio que pode desestruturar a relação com as editoras. Precisamos ficar atentos.

E na semana passada,

… para encerrar nosso papo em alta, saiu a ótima notícia sobre a Livraria Saraiva, que reverteu prejuízo e conseguiu pela primeira vez, desde que entrou em recuperação judicial, registrar lucro no trimestre. Foram R$29 milhões no segundo trimestre deste ano. E prometem melhorar o resultado das vendas online, que ainda estão em queda, lançando seu novo site em setembro. Estou na torcida!

Muitas visões de um mesmo cenário, não? Cada empresa se encontrava numa determinada situação financeira e operacional, mas estas são apenas algumas das variáveis de gestão. O resultado vem da atitude, de como você reage e não simplesmente do que lhe é apresentado pelo mercado.

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