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Varejo, datas comemorativas e consumo.

Já passou a Páscoa e o Dia das Mães, vem aí o Dia dos Pais e logo mais o Dia das Crianças, depois a Black Friday e então o esperado Natal.

Sempre fui fascinado pela comunicação. Desde muito jovem! Saber usar a linguagem e a forma correta para transmitir uma mensagem é uma arte preciosa. Mais ainda quando estendida ao Marketing. Então, a busca por formação e mais conhecimento sobre o assunto foi natural e recorrente na minha vida.

Neste RADAR quero conversar com você sobre datas comemorativas.

Muitos nem percebem, mas a grande maioria das datas que comemoramos hoje, foi criada por alguma empresa, agência, ou segmento do varejo buscando aumentar as vendas. E algumas bem recentemente!

Em junho comemoramos o Dia do Hamburger. Novidade, né? Mas tem a mesma origem do Dia das Mães, dos Pais, dia das Crianças e dos Namorados, entre tantas outras. Podem até coincidir com uma data histórica relevante, mas a sua criação e divulgação intensa vieram da área de marketing, como o Natal. Sim, o Natal! Espera um pouco que já chego nele.

Dia das Mães, por exemplo, é uma das datas mais importantes em volume de vendas para o varejo! Chega a competir com o Natal em vendas!

É interessante perceber como este tipo de iniciativa aquece o mercado e muda padrões de consumo. Afinal, que nasceu com a data já existente, consolidada no calendário, não vai saber que ela não existia há dois, cinco ou dez anos antes. Estranho, né?

O mesmo acontece com países e nem percebemos. Apesar da região estar habitada e ativa há mais de 2.000 anos pelos fenícios, o Líbano, como república, só conseguiu sua independência em 1943. Foi ocupado pela França desde 1923, logo após o fim da primeira guerra. Apesar de uma cultura milenar, o país é bem mais novo que o Brasil. Mas isso é assunto para outro radar. Comentei apenas para ilustrar como é importante entender o contexto, a história.

Voltando às datas comemorativas, a interação das marcas com as datas podem assumir proporções inimagináveis!

Um bom exemplo é o Natal – viu, cheguei nele. Antes da Coca-Cola de “adotar” o bom velhinho e intensificar a comunicação com mensagens sobre a sua história de presentear as crianças no Natal, sua roupa era verde! Sim, Santa Claus era palmeirense rsrs Já havia alguma representação do Papai Noel com roupas vermelhas, o o grande movimento veio da fabricante de refrigerantes intensificou a divulgação dos trajes vermelhos para deixá-lo mais próximo à marca. Um personagem simpático e rechonchudo, vestido de vermelho e com uma pequena garrafa na mão e pronto: aí está o Papai Noel que conhecemos.

Mas você sabia que a compra de presentes em datas comemorativas apesar de aquecer a economia gera um consumo absurdo e desnecessário?

Um estou realizado em 2009, pelo Professor Joel Waldfogel da Universidade da Pensilvânia, identificou que nas festas de fim de ano, que integra o Dia de Ação de Graças (bem mais forte que o Natal nos Estados Unidos) e o Natal, o consumo pode chegar a estratosférica cifra de oitenta e cinco bilhões de dólares! Quase meio trilhão de reais na cotação de hoje.

E, segundo o autor do estudo, este enorme volume de dinheiro foi consumido com presentes inúteis ou supérfluos. Quantas vezes você recebe no Natal um presente que não serve, não gosta ou não precisa. Será que não vale revermos alguns conceitos de consumo?

Este estudo está condensado no livro Scroogenomics, de 2009, escrito pelo Professor Waldfogel. Não encontrei nada mais recente, mas com a explosão de compras online no mundo na última década, mesmo com o desaquecimento da pandemia, este número com certeza hoje é bem maior.

Aproveite as oportunidades das datas comemorativas. Encontre uma ou mais, que possa se apropriar buscando aumentar suas vendas. Mas sempre com responsabilidade.

Pense nisso!

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Nele falo sobre fundamentosdicascicatrizessacadas e gafes de empreendedores. Um minuto por dia, com aspiração de ser a dose recorrente de provocação, inspiração e aprendizado.

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#TenhaCicatrizes

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Chegamos em julho! Bem no meio do ano.

E o que você fez até aqui?

Entregou metade da meta do ano? Teve que ajustar a rota para continuar seguindo em frente? Chegou na metade daquele objetivo pessoal? Passou do limite? Perdeu o ritmo? Está atrasado ou adiantado com as entregas?

Volta e meia paro para refletir sobre este conceito de tempo dividido em anos, meses, dias… É importante termos prazos definidos, indicadores e metas para acompanharmos nossa evolução e desafias nossos limites. Um pouquinho a cada vez.

Por muito tempo, faz tempo, fui atleta de competição e no esporte aprendemos que primeiro precisamos vencer nossos limites, melhorar nossos números, antes de tentar vencer um oponente. Você contra você é sempre a melhor forma de evoluir. E vencer o adversário acontece naturalmente. Mas no esporte, sempre tem que haver um perdedor da partida. Por melhor que você esteja, naquele dia, o melhor, seu e do seu time, podem não ter sido suficientes para vencer. Mas ainda assim é uma evolução e um aprendizado.

Trazendo a metáfora para o mundo do trabalho e do empreendedorismo, precisamos a cada dia buscar mais eficiência, reduzir o custo da produção, desenvolver nossos colaboradores, entender melhor o cliente e adequar produtos e serviços para que não fiquem obsoletos.

Desenvolver continuamente o seu time de colaboradores os tornará mais ativos, mais críticos e mais proativos, colaborando com o desenvolvimento do negócio.

Errar tentando acertar conta ponto. Ajuda a entender os caminhos e a buscar novas soluções. Errar é bem melhor que não tentar. Só não vale repetir o erro. Ele deve ser um aprendizado.

Então, junte seu time, olhe para trás e busquem entender onde podem melhorar o que fizeram nos primeiros seis meses do ano: erros, acertos, aprendizados.

O mercado também mudou, de quando você desenhou seu plano para 2022. E muito! Agora você está bem no meio do ano. Mais próximo do fim e com seis meses de experiência para navegar o próximo semestre. Isso é valioso!

Se faz sentido para você, deixo aqui algumas provocações:

  1. Caso ainda não tenha feito, olhe para fora e ajuste as premissas – a guerra pós pandemia bagunçou ainda mais o cenário econômico e político internacional, impactando em nosso mercado doméstico;
  2. Atenção aos indicadores internos e externos – eles contam muito sobre os rumos do mercado e do seu negócio.
  3. Olhe para dentro e entenda quais projetos podem ser postergados para o próximo ano e quais precisam ser acelerados – com as mudanças no mercado, as prioridades da estratégia podem ter mudando;
  4. Proteja das pessoas. Elas são o que há de mais valioso – mantenha um canal de comunicação aberto com o time. Todos alternam momentos de protagonistas e coadjuvantes. É importante manter o time bem informado, protegido e integrado. Dê sempre a resposta às suas perguntas, mesmo que não seja a que eles gostariam de ouvir.
  5. Entenda onde deve investir no desenvolvimento do seu time. Novas competências passaram a ser necessárias, assim como novas atitudes – senso de urgência, trabalho em equipe e dor de dono passam a ter ainda mais importância;
  6. Reveja processos e infra. Hoje é possível fazer mais com menos, se estiver bem estruturado e treinado – mas o time tem que comprar, senão tudo trava;
  7. E cuide da cultura. Ela é essencial para a sobrevivência de qualquer empresa – seja transparente, objetivo, coerente e consistente. Mudança é lenta e precisa de determinação.

Lembre-se que a gestão de um negócio é composto de diversos pequenos momentos com seu time, acertando, errando, aprendendo, corrigindo, celebrando… E nunca será uma linha reta. São altos e baixos contínuos, que no final do tempo combinado, estará melhor do que no começo. Tenha disciplina e resignação nas descidas, aprenda rapidamente com cada uma delas. E humildade, respeito e energia nas subidas.

Boralá? Tenha cicatrizes. E aprenda com elas!

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O Duro e Contínuo Impacto da Guerra na Vida e nos Negócios

Durante muito tempo as guerras também foram usadas como alavancas econômicas.

Historicamente durante as guerras, a economia internacional é afetada, o intercâmbio entre as nações diminui drasticamente e o desenvolvimento de inovação é acelerado. Isso é seguido de uma colaboração entre países aliados e posterior comercialização das invenções.

Da mesma forma que a história das guerras e sempre contada pelos vencedores, esses mesmos vencedores reconstroem as cidades que ajudaram a destruir nos países adversários, aquecendo a economia e retomando o intercâmbio internacional. Explicação simples, mas objetiva.

Isso tudo para lembrar que, apesar de ocupar menos tempo nos noticiários, a guerra segue em frente, com impacto nas pessoas, nas empresas e nos países.

EM MOVIMENTO ENERGIA

A necessidade e a dependência da Europa do petróleo são históricas, gerando esforços para manutenção do fornecimento e estruturando uma rede que permita sua ampliação. Uma das iniciativas é o Nord Stream 2, gasoduto que liga a Rússia a Alemanha e que ainda não entrou em operação, apesar de pronto desde 2021. Entraves políticos e regulatórios atrasaram o início da operação, que agora parece ainda mais distante, que também abastecerá a Áustria, Itália e países da Europa Oriental e Central.

Também a decisão do governo britânico de impor um embargo ao petróleo russo fez o preço do diesel disparar em Londres. A matéria do Valor Econômico detalha a importância da Rússia no fornecimento dos combustíveis que movem a Inglaterra, sendo consumido três vezes mais que a gasolina.

EM MOVIMENTO ALIMENTOS

Na contramão da tendência gerada pela guerra, o mercado de grãos sofrem queda em Chicago com as notícias da negociação da Ucrânia com a Rússia para liberar o transporte dos grãos retidos nos portos do país. É um movimento que alivia a pressão que gerou a alta dessas mesmas comodities nos meses que seguiram ao início da guerra. Nada ainda definitivo, mas um ótimo estímulo ao mercado especulativo.

Na parte de baixo do globo terrestre, outra commodity mostra seu poder, quando atrelado a uma marca. A fabricante suíça Barry Callebaout inaugura seu terceiro centro de exportação de cacau, desta vez no Equador, terceiro maior produtor mundial da fruta, com 375 mil toneladas anuais.

EM MOVIMENTO MARCAS

Seguindo ao movimento de abandonar suas operações na Rússia, ….

Após 30 anos, 800 lojas e 62 mil colaboradores, o Mc Donald’s também sairá da Rússia em resposta a invasão na Ucrânia. Em março havia fechado temporariamente todas as lojas, mas diferente da Netflix, que suspendeu os acessos, a rede norte-americana vai vender a operação a um investidor local e manter a posse da marca.

A francesa Renault protagonizou a primeira movimentação emblemática na infraestrutura russa, vendendo o total da sua participação na AvtoVAZ para o NAMI, estatal de pesquisa, além de ceder à cidade de Moscou as instalações operação da Renault Rússia.

E pra fechar com chave de ouro, o Google pedirá falência na Rússia! Isso mesmo.

Após ter seus bens bloqueados pelo governo russo, o que impede a sua operação local, a gigante de tecnologia formalizou sua intenção junto às autoridades locais.

Se isso afeta gigantes globais, imagine o duro reflexo disso na vida dos ucranianos e russos?

Aguardem cenas dos próximos capítulos.

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Empreendedorismo: do pequeno ao enorme.

Hoje trago uma coletânea de iniciativas empreendedoras, algumas fresquinhas outras revisitadas, conectadas sob a ótica do fundador ou CEO e sua atuação no negócio, de forma positiva ou negativa. Bora?

EMPREENDEDOR PERSEVERANTE

A história não é nova nem inovadora. Mas sempre nos toca pela perseverança e pela virada.

Após perder o emprego na área de vendas, montar e falir uma padaria, trabalhar como motorista de Uber, Marlon Barbosa, decidiu tentar novamente, mas com um diferencial claro, que chamasse a atenção dos clientes: passou a vender brigadeiro na praia, usando camisa social, gravata e avental. Indumentária não tão adequada ao nosso calor tropical, mas perfeita para chamar a atenção.

Fazendo uma análise rápida, este modelo de negócio oferece uma boa experiência de consumo ao cliente, porém tem baixa barreira de entrada – pode ser facilmente copiado – e é difícil de escalar de forma controlada – dificilmente replicado – o que impede a manutenção da uniformidade no processo.

SENSO DE OPORTUNIDADE

A pandemia trouxe grandes desafios e junto, muitas oportunidades. Também, infelizmente, mostrou e agravou o abismo que separa os extremos da nossa população.

Vivendo esta dificuldade na pele, um grupo de empreendedores de Porto Alegre, liderados por um ex-morador de comunidade na Zona Leste de São Paulo, decidiu criar uma startup que completasse as entregas nas chamadas “zonas de risco”.

No mercado, que domina a last mile, ou seja, quem percorre a última parte do trajeto e tem contato direto com o consumidor, tem poder e possibilidade de identificar dores e oportunidades mais rápido que o mercado em geral. E iniciativas como esta já pipocam por diversas cidades do país!

DOR LEVA AO EMPREENDEDORISMO DE CAUSA

Ainda na linha de resolver dores, trago um outro exemplo, desta vez com causa mais explícita: após viver frustrações no mercado em função do preconceito das empresas – e das pessoas – jovem surdo decide abrir sorveteria empregando surdos.

Il Sordo tem 80% dos seus colaboradores surdos, gerando emprego e visibilidade para a causa, além de proporcionar uma experiência reversa aos seus clientes. Eles são os diferentes, ao entrarem no estabelecimento mas, diferente do que ocorre lá fora, são bem acolhidos.

TENTANDO LIMPAR A BARRA E O PLANETA

Ainda amargando o prejuízo financeiro, moral e ambiental da tragédia de Brumadinho, a Vale lança uma iniciativa que busca converter uma volumosa parte dos seus resíduos em matéria-prima para a construção civil.

Anualmente, a Vale gera próximo de 700 milhões de toneladas de resíduos, sendo 550 milhões de areia, o segundo recurso natural mais consumido no mundo, perdendo somente para a água.

A ideia é separar e oferecer a sílica – areia – para as concreteiras e assim reduzir o volume de resíduos lançado nas barragens, podendo até, ser uma boa fonte de recursos para a empresa, que ainda engatinha com a iniciativa. A meta para 2022 é de vender 1 milhão de toneladas, menos de 2% do total produzido anualmente. Ainda engatinhando, mas com potencial.

QUANDO O FUNDADOR AMEAÇA O NEGÓCIO

Com o recente movimento do mega empreendedor Elon Musk comprando o Twitter e as consequentes oscilações do valor da Tesla no mercado, fica evidente o risco das ações do fundador impactarem diretamente na percepção de valor das suas empresas. Para cima ou para baixo. O risco é perder o foco no negócio estável e rentável, colocando dinheiro, energia e atenção – dele e do mercado – em negócios marginais ou, mesmo que grandes, abordados no momento errado.

Me lembrou Adam Newmann, fundador da WeWork – agora só We – empresa que oferece espaços corporativos no formato de coworking, que testou o limite da paciência dos seus investidores, desviando o foco dos negócios mesmo sem a empresa entregar resultado. E ainda sem dar retorno aos acionistas, ambicionava oferecer o mesmo modelo de negócio para moradia e educação, ocupando todos os espaços de convivência dos seus possíveis clientes. Com um modelos de negócio considerado caro pelo mercado, sem dar resultado mas pagando bônus ao seu fundador, a paciência do mercado acabou, culminando com a expulsão do fundador do cargo de CEO. E ainda nem havia a pandemia!

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Consciência e Tecnologia: sinergia cada vez mais relevantes.

No radar de hoje conecto comida, economia, sustentabilidade, atitude e tecnologia. Você nem imagina como elas são próximas e cada vez mais sinérgicas.

REDE DE BANCO DE ALIMENTOS / REFEIÇÕES

Aqui no Brasil a Ação da Cidadania, numa parceria inédita com o Google, está mapeando os bancos de alimento do país. O objetivo é unir quem precisa do alimento, com quem o prepara e oferece. Da mesma forma, passará a dar visibilidade às estas iniciativas, facilitando também, o acesso aos potenciais doadores de recursos e insumos.

A ideia é interagir por meio de um cadastro único, da Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, Despensas de Alimentos e Cozinhas Solidárias da Sociedade Civil, e que seja facilmente localizado por meio de uma pesquisa no Google e acessível por meio do Google Maps.

Ivan Patriota, responsável por este tipo de iniciativa no Google, afirma que “as entidades que participarem da plataforma terão acesso à rede de parceiros apoiadores da Ação da Cidadania e aos conteúdos informativos elaborados pela ONG em parceria com o WFP (Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos).”

DOAÇÃO DE CESTAS BÁSICAS INOVADORA

Durante a pandemia a ONG Gerando Falcões, do Edu Lyra, conseguiu engajar os mais diferentes setores da sociedade, pessoas físicas e jurídicas, arrecadando mais de 70 milhões de reais para a distribuições de cestas básicas.

A grande sacada é que distribuíram cestas básicas digitais, um cartão, em parcerias com diversas empresas fornecedoras de benefícios de alimentação> A iniciativa elimina a necessidade da cara movimentação física dos alimentos, encurta o prazo entre a doação e a entrega, e como benefício adicional, aquece a economia local! Eles ainda estão aceitando suas doações.

COMÉRCIO E LOGÍSTICA

No Quênia, a Twiga se propõe a revolucionar a distribuição da produção de pequenos agricultores, oferecendo uma plataforma comercial e logística para escoarem a sua produção.

Apesar de ter nascido como produtora em grandes áreas cultiváveis, percebeu oportunidade de gerar crescimento, diversidade e suporte aos empreendedores que trabalham com agricultura familiar, inicialmente em seu país, mas já de olho em outros mercados africanos.

E NO MUNDO

Escalando para uma visão global, Ngozi Okonjo-Iweala, Diretora-Geral da OMC, esteve no Brasil na semana passada buscando o compromisso do governo brasileiro na ampliação das exportações para evitar uma crise alimentar.

Além da inflação, que já crescia no mundo como reflexo das ações de combate aos efeitos colaterais na economia, causados pela pandemia, a guerra na Ucrânia trouxe novas perssões para este ambiente, com subida nos preços de fertilizantes, energia e, por consequência, de alimentos. Rússia e a Ucrânia são fornecedores regulares para o mercado internacional e a suspensão das exportações destes países leva a OMC a projetar uma alta entre 0,5% a 5,5% para o comércio de mercadorias neste ano.

MAS NÃO HÁ NADA DE NOVO NO FATO

E o assunto não é novidade. Recuperei um episódio da minha coluna de 2015, quando comentei uma iniciativa na Suíça, onde moradores de um bairro se uniram na cidade de Genebra e criaram uma horta comunitária. Cada família planta um tipo de vegetal e compartilha com seus vizinhos. Na época, havia 50 mil hectares de hortas urbanas no país. E não era o único. Na Alemanha, existiam 80 mil fazendeiros urbanos, somente em Berlim. Já na Rússia, 72% das famílias que moravam em áreas urbanas, já cultivavam em seus jardins, parte da sua alimentação. Imagine hoje!?

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Nesta edição falei sobre: #empreendedorismo #agricultura #sustentabilidade #tecnologia #startups #comida #consumo #inflação #guerra

No radar do Saade é uma newsletter de periodicidade incerta, que busca compartilhar pontos de atenção, cicatrizes, sacadas e gafes, com a aspiração de ser a dose recorrente de inspiração e aprendizado, para quem deseja começar algo novo, dar mais um passo no trabalho, nos negócios, ou na vida. Afinal, “sempre existe alguém começando algo novo.”

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Do século XVIII a Djokovic – Tentando entender o movimento Antivax no Brasil e no mundo.

Em outubro de 2021, em parceria com a Unesco e com o Nexo Jornal, o Consulado da França em São Paulo promoveu uma conferência virtual com o professor e historiador da Universidade de Bourgogne Laurent-Henri Vignaud, que versou, com base em sua pesquisa, sobre o movimento antivacina mundial.

Em seu livro, “Antivax: Resistência às vacinas, do século 18 aos Nossos Dias”, Vignaud traz uma reflexão sobre os dados da sua pesquisa e conclui que a resistência à vacinação é um fato antigo e recorrente, com adeptos tanto da esquerda quanto da direita – sempre nas extremidades desses setores. Também informa que não está ligado à falta de acesso à informação ou  à educação, mas sim ao excesso de informação e à dificuldade de saber em que acreditar.

Diz ainda que os argumentos e os perfis são muito diversos, passando por questionamento sobre a qualidade das vacinas até por motivos religiosos ou alternativos e naturalistas.

Recomendo a leitura da entrevista completa concedida pelo historiador ao Nexo (neste link) que tem total convergência com minhas crenças:

a ciência deve ser respeitada e a informação, sem habilidade de digeri-la ou criticá-la, é também uma crescente pandemia.

Outro ponto importante é o direito à liberdade. Agora em janeiro, o mundo assistiu perplexo a um ídolo mundial e monstro das quadras, o tenista Novak Djokovic, ser deportado e perder o direito de participar do Aberto da Austrália.

Sou fã dele dentro das quadras. E continuarei sendo. Mas ele perdeu pontos – comigo e com muitos fãs –, além de ter deixado passar uma grande oportunidade de dar um exemplo valioso para o mundo. Se envolveu num enredo de documentos incompletos, declarações desencontradas e o entendimento que teria direitos diferentes das outras pessoas. Idas e vindas, declarações e audiências, processos e mandatos foram as armas de uma batalha desnecessária.

E a França já informou que, sem vacina, ele não poderá entrar no país nem participar do emblemático campeonato de Roland Garros.

Compartilho matéria do UOL com a visão do Andrei Kampf, com uma rápida, mas objetiva análise do caso Djokovic, em que, entre outras coisas, afirma que “O direito à liberdade – por mais inegociável que seja – tem limites porque é universal, ou seja, de todos! Todos têm o mesmo direito e daí surgem as limitações estabelecidas pelo poder para garantir ou limitar essas liberdades.”

No fim das contas, ficamos com a reflexão mais simples e objetiva:

para viver em comunidade, em sociedade – seja uma família, uma empresa, um condomínio, um bairro, uma cidade, um país ou mesmo o mundo – é preciso bom senso, empatia, tolerância, educação e coerência, atributos cada dia mais escassos em nosso planeta.

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Sou um visionário! Pena que 10 anos atrasado. Pelo menos.

Sempre defendi o livre mercado e a iniciativa dos empreendedores, que geram emprego, riqueza e solucionam problemas. Também sempre apoiei projetos sociais que fomentassem o protagonismo dos participantes na solução de problemas sociais.

Acredito fortemente que a sociedade civil tem mais força e agilidade que o poder público no direcionamento e implementação das soluções tão necessárias na busca de igualdade, de equidade.

Os próprios Compulsivos são, de certa forma, baseados nesta crença. É uma iniciativa social com fins lucrativos. Busca recursos no formato de patrocínio de grandes empresas que tenham a necessidade de se comunicar com ou se aproximar de determinado segmento de empresários PME. Com os recursos recebidos, impactamos a região com nossa metodologia de modelagem e aceleração de negócios reais, ajudando de fato aos empreendedores com a sua evolução e, deforma transparente e ética, estreitamos a relação entre o patrocinador e seu mercado. Fazemos isso há dez anos.

Entretanto, desde que assumi a Superintendência Executiva do ESPRO – uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, que atende a três políticas públicas de forma multifacetada – vim calibrando a minha visão sobre o segmento, sua gestão e sustentabilidade financeira e buscando uma forma de usar minha visão do ambiente e dos interlocutores para melhorar o nosso resultado e engajar mais as empresas nesta causa tão nobre e urgentemente necessária.

Logo, foi natural, mas revelador, tratar cada iniciativa social como um produto, que resolve uma dor de uma determinada parcela da sociedade e que algumas empresas teriam interesse em patrocinar esta transformação.

Me achei um gênio por um breve intervalo de tempo, até conversar com outros gestores do terceiro setor e receber o tiro de misericórdia do Michael Porter, em seu TED de 2013! Nele, o professor traz uma reflexão sobre tratar causas sociais como produtos que resolvem problemas, dores, das pessoas e das empresas, tornando-se assim economicamente interessantes para patrocinadores e doadores.

Se o apoio financeiro a determinada causa social produz alguma contrapartida da qual a empresa possa se apropriar, ela passa a considerar isso como uma opção sólida de investimento.

Claro que, mais cedo ou mais tarde, todos os gestores do terceiro setor, que tiveram alguma experiência prévia no mercado percebem claramente o tinham pela frente.

Mais ainda durante a pandemia, que ampliou o abismo das desigualdades. Mais ainda no meio do processo de implementação de uma profunda transformação tecnológica, cultural, estrutural dentro do Espro!

O desafio e sua beleza se encontram em criar o match entre o desafio na sociedade a ser vencido, a solução da nossa entidade que resolve este problema e a empresa que deseja atrelar esta causa à sua marca. Simples e desafiador assim.

E agora então, com o fortalecimento das iniciativas e políticas de ESG, aumenta ainda mais esta oportunidade.

Muito prazer, sou Alessandro Saade, Superintendente Executivo do Espro. Vamos conversar?

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Ajuste suas premissas antes dos planos e desejos de ano novo!

Virada de ano sempre é momento de reflexão. E na maioria das vezes, momento de novos planos, novas listas, novas aspirações.

É bom pararmos de tempos em tempos, não somente nas viradas de ano, para uma autoanálise. Mas também é importante definir e ajustar as premissas que conduzirão esta reflexão.

Muitas vezes renovamos as aspirações, desejos e planos, sem mudar a estratégia. Se em 365 dias você não emagreceu nem ficou rico, acho que vale a pena, pelo menos, entender se as premissas ainda estão válidas e sustentam o seu plano.

Acontece que ao longo do ano muita coisa muda: no ambiente, em você, nas pessoas que lhe cercam, nas empresas, na tecnologia, na sociedade. Não faz muito sentido com tanta mudança, simplesmente repetir o que não deu certo antes.

E se o ambiente muda, é extremamente importante validar se a solução / competência que você oferece – seja como empresa, empreendedor ou profissional – ainda é útil para o mercado que você escolheu. Nossas competências aumentam ou diminuem de valor para as empresas onde trabalhamos, soluções oferecidas pelas empresas têm mais ou menos demanda em função do momento do mercado e da sociedade. Tudo muda muito.

O autor norte-americano Wayne Walter Dyer, traz uma provocação que sempre me inspira. Ele reflete sobre usos do mesmo material. Por exemplo, ele diz, o preço de uma barra de ferro é de aproximadamente US$100,00. Se não fosse uma barra nova, valeria ainda menos, US$25,00. Mas, se usasse este ferro para produzir ferraduras, seu valor aumentaria para US$250,00! agora, se preferisse produzir agulhas de costura, o valor aumentaria mais ainda, para US$70.000,00. Por fim, se optasse por produzir algo mais preciso e delicado, como molas para relógios, o valor chegaria a incríveis US$6.000.000,00!

Ele conclui: “Seu valor não é apenas aquilo que você é feito, mas acima de tudo, de que formas você pode tirar o melhor do que você é!”

Usando esta provocação como ponto de partida, proponho que entenda melhor as suas competências e busque ocupações onde elas possam se destacar, por necessidade ou por escassez. Onde você possa ser valorizado pelo que pode contribuir. Muitas vezes mudando de segmento de atuação, ou simplesmente de departamento, aumentamos o nosso valor.

Da mesma forma, se possui uma empresa, valide se os seus produtos e serviços são de fato úteis e busque mercados onde possa construir uma relação duradoura com seus clientes, independente dos seus consumidores serem pessoas ou outras empresas. Colaboração ao longo da cadeia cria valor e interdependência, ativos valiosos em tempos incertos.

Todo tempo investido nesta reflexão é bem empregado. Sempre! É daqui que saem tanto as decisões de descontinuar produtos e serviços, como de buscar novas responsabilidades e atribuições, fazer um novo curso, encontrar novas ideias e soluções. Lembre-se que a capacidade de se adaptar é uma das características mais importantes nestes tempos.

Afinal, sempre existe alguém começando algo novo. Por que não você?